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O Último Azul: o novo sci-fi brasileiro que une crítica ambiental, existencialismo e inovação técnica

Na esteira de uma crescente valorização do cinema brasileiro em festivais internacionais, “O Último Azul”, novo longa-metragem de Gabriel Mascaro, estreia nos cinemas brasileiros no fim de agosto após conquistar o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim 2025. O drama de ficção científica, protagonizado por Denise Weinberg e Rodrigo Santoro, foi celebrado como um marco do gênero no Brasil e aponta caminhos inovadores para a produção audiovisual nacional.

Um Brasil distópico e poético

“O Último Azul” se passa em um futuro não muito distante, onde o Estado impõe regras rígidas sobre o envelhecimento da população. A personagem central, Tereza, uma idosa de 77 anos, é forçada a se transferir para uma colônia isolada de idosos. Em vez de aceitar o destino, ela embarca numa jornada fluvial clandestina pela Amazônia — uma travessia que mistura resistência, contemplação e desejo de liberdade.

Ao longo do percurso, Tereza se depara com paisagens devastadas, comunidades desintegradas e memórias que desafiam sua própria percepção do tempo e da identidade. A ficção científica, nesse contexto, serve como pano de fundo para uma profunda crítica ambiental e existencial, ancorada na relação entre o humano, a natureza e o tempo.

Atuações que sustentam o filme

A interpretação de Denise Weinberg é amplamente reconhecida como o coração do filme. Sua performance carrega camadas de vulnerabilidade, humor ácido e força moral. Sem caricaturas, ela entrega uma personagem que desafia o sistema com a coragem silenciosa dos que já viveram demais para se calarem.

Rodrigo Santoro interpreta Cadu, figura ambígua que cruza o caminho de Tereza e representa tanto o risco quanto a possibilidade de afeto em um mundo que perdeu a ternura. Sua atuação é marcada pela contenção, equilíbrio e pela entrega ao minimalismo que o roteiro exige.

O elenco ainda conta com Miriam Socarrás e Adanilo, reforçando a diversidade estética e narrativa do projeto.

Avanço técnico no cinema nacional

“O Último Azul” é também uma demonstração do amadurecimento técnico do sci-fi brasileiro. A fotografia, assinada por Guillermo Garza, transforma a Amazônia em um personagem vivo: úmido, denso, profundo e perturbador. A direção de arte aposta em elementos orgânicos, quase sempre naturais ou reaproveitados, dando veracidade ao mundo distópico imaginado por Mascaro.

A montagem é assinada por Sebastián Sepúlveda e Omar Guzmán, que conferem ao filme um ritmo contemplativo, mas nunca lento. A trilha sonora, composta por Memo Guerra, não interfere, mas pulsa no ritmo da água, dos silêncios e dos conflitos internos dos personagens.

Repercussão internacional e expectativa nacional

Vencedor de três prêmios no Festival de Berlim — incluindo o Grande Prêmio do Júri, o Prêmio do Júri Ecumênicoe o Prêmio do Júri de Leitores —, “O Último Azul” é descrito pela crítica como uma obra madura, sensível e tecnicamente sofisticada. Muitos apontam o filme como sucessor natural de obras como “Boi Neon” e “Divino Amor”, também dirigidas por Mascaro, mas com uma ambição ainda mais ampla no campo simbólico e estético.

No Brasil, o filme é aguardado com entusiasmo. A distribuição nacional programada para 28 de agosto prevê sessões especiais em grandes capitais e também em cidades do interior, com destaque para o circuito de exibição do Tocantins. Estão previstas exibições seguidas de debates com críticos e cineastas sobre os temas ambientais e sociais levantados pela narrativa.

Cinema brasileiro no mapa global

A presença de “O Último Azul” no circuito internacional representa mais do que o reconhecimento a um filme: é um sinal de que o cinema brasileiro, mesmo em tempos de escassez de investimento, segue produzindo obras com densidade temática, inovação formal e apelo internacional.

Com um roteiro que equilibra existencialismo e política, com imagens que emocionam e incomodam, o filme reafirma a potência da produção nacional quando aposta na autoria e na profundidade.

“O Último Azul” é mais do que um filme de ficção científica: é uma travessia emocional, política e estética por um Brasil imaginado e, ao mesmo tempo, profundamente real. Em tempos de polarização, mudanças climáticas e envelhecimento social, o longa propõe uma reflexão sobre o valor da vida, da liberdade e da memória.

Ao trazer a Amazônia como cenário de resistência e o corpo idoso como símbolo de dignidade, Gabriel Mascaro entrega uma obra que coloca o cinema brasileiro, mais uma vez, entre os grandes do mundo — com coragem, beleza e urgência.

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