Famílias isoladas, estradas bloqueadas e cenário de emergência fazem município pedir socorro ao estado e à União
O município de Padre Bernardo, no entorno do Distrito Federal, enfrenta uma grave crise ambiental após intensas chuvas atingirem a região nos últimos dias. Enxurradas e deslizamentos de terra provocaram uma série de danos em áreas rurais e vicinais, levando a prefeitura a declarar situação de emergência e solicitar ajuda imediata ao governo de Goiás e à União.
Segundo relatos da Defesa Civil, dezenas de famílias ficaram isoladas após o colapso de pontes e trechos inteiros de estradas vicinais, que servem como único acesso a comunidades agrícolas e povoados no interior do município. Há registro de propriedades rurais ilhadas, prejuízos a plantações e risco de perdas de animais, o que agrava a já delicada situação dos produtores da região.
“A intensidade das chuvas superou a média histórica do mês em menos de 48 horas. O solo, encharcado, cedeu em vários pontos, o que provocou deslizamentos e comprometeu a infraestrutura básica. Estamos diante de um cenário crítico”, afirmou em nota o coordenador municipal da Defesa Civil.
Além dos prejuízos materiais, há preocupação com o risco de novos deslizamentos. Especialistas do Instituto Federal de Geociências (IFGeo) alertam que a instabilidade do solo nas encostas próximas a rios e córregos ainda oferece perigo. “As áreas afetadas devem permanecer sob monitoramento constante. Qualquer nova precipitação pode agravar a situação e provocar mais quedas de barreiras”, explica o geólogo Rogério Meirelles, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Moradores de regiões como o povoado de Calumbi e a zona rural de Águas Lindas relataram que estão sem acesso a água potável, energia elétrica e meios de transporte desde o início da semana. Escolas foram fechadas temporariamente, e o atendimento em postos de saúde está comprometido.
A prefeitura mobilizou equipes emergenciais para remoção de barreiras e liberação de rotas alternativas, mas admite que os recursos são limitados. O prefeito, em pronunciamento na manhã desta quinta-feira (27), cobrou celeridade na liberação de verbas federais e envio de equipes técnicas: “Precisamos de apoio imediato para socorrer essas famílias e reconstruir o que foi destruído. Padre Bernardo não pode ficar isolado.”
A tragédia acende um alerta sobre a vulnerabilidade dos municípios do entorno do DF diante de eventos climáticos extremos. Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que, nos últimos cinco anos, o volume de chuvas na região tem apresentado oscilações acentuadas, com períodos de estiagem seguidos por chuvas intensas concentradas em curtos intervalos — um dos principais gatilhos para tragédias como a que agora atinge Padre Bernardo.
Em paralelo, órgãos ambientais e universidades se mobilizam para realizar mapeamento de risco e prestar apoio técnico à administração municipal. A expectativa é que, nos próximos dias, equipes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil estadual e do Exército Brasileiro se juntem aos trabalhos no município, auxiliando no resgate de moradores isolados e na reestruturação emergencial de rotas e abastecimento.
Enquanto isso, a população segue em estado de alerta, acompanhando a previsão do tempo e buscando formas de lidar com os prejuízos. Em meio ao barro, à lama e ao medo de novos temporais, Padre Bernardo tenta, com esforço local e esperança por ajuda externa, recomeçar.
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