Diário Tocantinense– Em discurso incisivo na Tribuna da Câmara de Colinas do Tocantins, na noite desta segunda-feira (9), a vereadora Naiara Miranda (MDB) criticou a postura dos colegas parlamentares e do Poder Executivo municipal diante da tramitação de um projeto de lei que prevê a abertura de créditos adicionais no orçamento. A parlamentar teve um pedido de vistas negado e voltou a cobrar transparência na apresentação de estudos de impacto financeiro.
“Me sinto desrespeitada como parlamentar. Estamos vendo o Legislativo bater continência para o Executivo. Harmonia é uma coisa, independência é outra”, afirmou.
O pedido de vistas feito por Naiara Miranda foi rejeitado por maioria da Casa. A vereadora solicitava apenas o estudo de impacto financeiro e orçamentário da matéria — documento que não foi entregue pela Prefeitura. Ela destacou que, apesar das críticas recebidas, não se posicionou contra o projeto, apenas exigia segurança técnica para deliberar.
“Em nenhum momento disse que votaria contra. Mas tenho o direito de pedir informação, de buscar clareza sobre uma nova despesa para o município. Isso é prerrogativa de qualquer parlamentar”, sustentou.
“Se perguntar do impacto, ninguém vai saber”
Durante o discurso, a vereadora ironizou a condução da matéria e disse duvidar que os demais parlamentares tivessem conhecimento do impacto financeiro da proposta.
“Se eu perguntar aqui agora, ninguém saberá me dizer o impacto dessa despesa nos cofres do município. Estamos votando sem dados.”
A crítica implícita ao comportamento da base aliada do prefeito repercutiu entre lideranças políticas e foi interpretada como um alerta para a fragilidade da independência entre os Poderes.
Reação e apoio
Após a sessão, entidades e lideranças do MDB Mulher, da Uvet (União de Vereadores do Tocantins), além de parlamentares estaduais e figuras ligadas ao meio jurídico, saíram em defesa da vereadora. A fala do vereador presidente Augusto Agra, que teria feito críticas indiretas à atuação da colega, também foi alvo de repúdio por representantes políticos locais e estaduais.
A movimentação reforça o clima de tensão entre os poderes em Colinas, diante do que tem sido visto por alguns setores como excesso de alinhamento entre o Legislativo e o Executivo, o que, segundo analistas, compromete o papel fiscalizador da Câmara.
“Não vivemos em uma ditadura”, diz vereadora
A vereadora finalizou seu pronunciamento reafirmando seu compromisso com a fiscalização e o debate responsável sobre as finanças públicas.
“Se é para o Executivo mandar, que se feche o Legislativo. Aqui, sequer podemos pedir um estudo de viabilidade. Mas sigo firme, mesmo sozinha, fazendo meu papel republicano. Não vivemos em uma ditadura”, declarou.
A presidência da Câmara Municipal não se manifestou oficialmente sobre as declarações até o fechamento desta edição.
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