Parlamentares e lideranças do estado divergem sobre prioridades e cobram soluções para saúde, segurança, educação e desenvolvimento econômico
Em um momento em que o Tocantins se vê diante de decisões estruturais sobre seu futuro, quatro das principais lideranças políticas do estado — o senador Eduardo Gomes (PL), o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), o deputado estadual Amélio Cayres (Republicanos) e a Senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil) — apresentaram, em declarações públicas e entrevistas recentes, suas visões sobre os rumos que o estado deve seguir nas áreas centrais da vida pública: educação, saúde, segurança e economia.
Com perspectivas distintas, os parlamentares convergem em alguns pontos, como a defesa do fortalecimento da infraestrutura e da ampliação do acesso à saúde, mas divergem em relação aos caminhos políticos e às prioridades estratégicas do estado.
EDUCAÇÃO
Dorinha Seabra, ex-secretária de Educação do Tocantins, é a voz mais técnica e crítica quando o assunto é educação pública. Para ela, o estado ainda padece de um modelo administrativo fragmentado, que compromete os resultados.
“Ainda temos escolas sem estrutura adequada e professores sobrecarregados. O desafio é institucionalizar uma política de formação continuada e integrar os municípios em um sistema único de avaliação e gestão de aprendizagem.”
Wanderlei Barbosa, por sua vez, destaca os investimentos em infraestrutura escolar e na valorização de servidores da educação, com promessas de ampliação de escolas de tempo integral.
Eduardo Gomes propõe uma abordagem conectada ao setor produtivo, com ênfase no ensino técnico-profissionalizante. Para ele, “a educação tem que dialogar com o mercado e com a nova economia digital”.
Amélio Cayres ressalta a importância da parceria com universidades públicas e institutos federais, defendendo maior descentralização de recursos para as regiões mais isoladas.
SAÚDE
Na área da saúde, o consenso está na necessidade de descentralizar os atendimentos e resolver os gargalos na média e alta complexidade. O senador Eduardo Gomes critica a dependência do sistema estadual por parte de municípios pequenos:
“É urgente criar polos regionais de referência e acabar com a sobrecarga em Araguaína e Palmas. Sem isso, seguiremos com ambulâncias rodando e filas aumentando.”
Wanderlei Barbosa, atual chefe do Executivo, tem reforçado o discurso de que o governo ampliou o número de cirurgias e conseguiu reduzir parte das filas com mutirões. Ele também destacou a entrega de hospitais regionais e investimentos em novos leitos.
Dorinha e Amélio Cayres cobram maior transparência na aplicação de recursos e questionam a eficiência da regulação estadual. Para Dorinha, “o problema não é só dinheiro, é gestão.”
SEGURANÇA
A segurança pública divide as opiniões de forma mais clara. Wanderlei Barbosa aposta na ampliação do efetivo, convocação de novos policiais e reforço em tecnologia, como câmeras corporais e sistemas de monitoramento em tempo real.
Eduardo Gomes, por outro lado, defende que o estado precisa de um “plano de inteligência criminal que envolva forças federais” e criticou o que chamou de “abordagem policialesca sem estratégia.”
Dorinha Seabra voltou a destacar o vínculo entre educação, políticas sociais e prevenção à violência, defendendo programas de combate à evasão escolar e ocupação juvenil.
Amélio Cayres acredita que a integração entre polícias civil, militar e guarda municipal é a chave para aumentar a sensação de segurança, especialmente nas regiões de fronteira e no interior.
ECONOMIA E EMPREGO
Aqui, os discursos se alinham no diagnóstico, mas divergem nas soluções.
Wanderlei Barbosa enfatiza o crescimento da arrecadação, a ampliação de obras públicas e a atração de empresas com isenções fiscais.
Eduardo Gomes propõe um modelo mais voltado ao desenvolvimento regional sustentável, com estímulo a cadeias produtivas locais e ao turismo. “Isenção sem contrapartida gera zona de conforto, não desenvolvimento”, pontuou.
Dorinha defende mais investimentos em ciência e inovação e critica o excesso de incentivos concedidos a grandes grupos empresariais sem que os benefícios se traduzam em geração de empregos locais.
Amélio Cayres propõe um plano estadual de desenvolvimento com foco na agricultura familiar, microcrédito e empreendedorismo jovem.
Convergências e divergências
Apesar das diferenças ideológicas e de posicionamento institucional, os quatro líderes concordam que os gargalos da saúde e da educação exigem ação imediata, e que a segurança pública precisa de reorganização estrutural. Há também acordo sobre a necessidade de ampliar a interiorização dos investimentos públicos.
As divergências se acentuam no modelo econômico defendido e na avaliação das políticas atuais: enquanto Wanderlei apresenta sua gestão como bem-sucedida e transformadora, os demais apresentam críticas pontuais e propõem novos marcos de governança.
O que está em jogo
O Tocantins, que vive um momento de transição demográfica, urbana e econômica, deve ser um dos estados mais disputados politicamente em 2026. A forma como essas quatro lideranças articularão alianças, disputas e propostas será central para o futuro político e institucional do estado.
A expectativa é que temas como infraestrutura regional, financiamento público, qualidade do gasto, geração de emprego e combate à desigualdade social ganhem ainda mais protagonismo nos próximos meses.
O eleitor tocantinense, diante de diagnósticos já conhecidos, exigirá mais do que promessas: quer resultados concretos, transparência e planejamento de longo prazo.
Link para compartilhar: