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Alta no preço do ovo e da tilápia pressiona orçamentos e afeta economia do Tocantins

Os consumidores tocantinenses estão sentindo no bolso o impacto da alta dos preços de alimentos básicos como o ovo e a tilápia. Itens tradicionalmente acessíveis e presentes na mesa da população, sobretudo nas camadas de menor renda, registraram aumentos expressivos nos dois primeiros meses de 2025, afetando hábitos de consumo, a dinâmica da cadeia produtiva e o próprio desempenho do setor agroalimentar regional.

Segundo levantamento divulgado pelo Jornal do Tocantins, o preço médio da dúzia de ovos brancos subiu 18,6% em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo valores próximos de R$ 14 em supermercados da capital. Já o filé de tilápia, uma das principais proteínas alternativas ao frango e à carne vermelha no estado, teve aumento de 22,3%, com o quilo ultrapassando R$ 42 em pontos de venda do interior e da região metropolitana de Palmas.

Causas da alta

Especialistas apontam uma combinação de fatores para justificar os aumentos. No caso dos ovos, os produtores enfrentam custos maiores com rações, energia elétrica e embalagens. A estiagem prolongada no Cerrado entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025 também comprometeu parte da produção nas granjas do interior.

A tilápia, por sua vez, é impactada por um cenário nacional de elevação nos custos de produção, incluindo insumos como ração de peixe (à base de milho e soja), combustíveis e logística. Além disso, a demanda aquecida no mercado interno — especialmente em razão do encarecimento das carnes bovina e suína — intensificou a pressão sobre os preços.

Em entrevista ao Jornal do Tocantins, o economista agroindustrial Paulo César Mendes, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), afirmou que “a tendência de substituição de proteínas mais caras por alternativas como o ovo e a tilápia acabou pressionando ainda mais a cadeia produtiva, que não estava dimensionada para esse aumento súbito no consumo”.

Impactos sociais e econômicos

O impacto é sentido principalmente entre as famílias das classes C e D, que recorrem a esses alimentos como alternativa diante da inflação alimentar persistente. De acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), cerca de 42% das famílias tocantinenses reduziram a frequência de compra de ovos e peixes em fevereiro, substituindo por fontes menos nobres de proteína, como miúdos de frango e salsichas.

No setor produtivo, o aumento dos preços não se traduz necessariamente em lucro. Pequenos produtores de peixe, por exemplo, relatam dificuldades em manter o ritmo de produção por conta da alta nos custos operacionais. A Associação Tocantinense de Piscicultores (ATOP) aponta que muitos criadores familiares operam no limite da capacidade e alertam para o risco de retração na oferta nos próximos meses, caso não haja estímulos de crédito e políticas públicas para o setor.

Medidas e perspectivas

O governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Agricultura e Pecuária, informou que acompanha os impactos e estuda medidas de incentivo à produção local de proteína animal, com foco na piscicultura familiar e em linhas de crédito rural para o fortalecimento das granjas de pequeno porte.

“O Tocantins tem potencial para ampliar sua produção de peixe e ovos com sustentabilidade. Estamos avaliando ações que possam reduzir a dependência de insumos externos e tornar a cadeia mais resiliente a choques econômicos”, declarou o secretário Jaime Café, em nota oficial.

No curto prazo, no entanto, a tendência é de que os preços permaneçam elevados, especialmente com a aproximação da Semana Santa — período em que a demanda por peixes e ovos tradicionalmente aumenta em todo o país.


Dados e projeções:

  • Ovo branco (dúzia): R$ 14 (alta de 18,6% em relação a fev/2024)

  • Filé de tilápia (kg): R$ 42 (alta de 22,3%)

  • Redução no consumo: 42% das famílias de baixa renda diminuíram frequência de compra

  • Custo da ração de peixe: aumento de 25% nos últimos 12 meses

  • Produção de tilápia no TO: 4,1 mil toneladas em 2024, segundo IBGE

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