O Banco Central do Brasil (BC) divulgou nesta terça-feira (29) o Relatório de Estabilidade Financeira (REF)referente ao segundo semestre de 2024. A análise conclui que não há risco relevante para a estabilidade financeira do país, destacando a robustez do Sistema Financeiro Nacional (SFN), com níveis confortáveis de capitalização, liquidez e provisões.
Apesar do cenário favorável, o BC alerta para uma postura mais cautelosa das instituições financeiras em 2025, especialmente diante da elevação da taxa de juros e do nível elevado de endividamento de famílias e empresas. Segundo o documento, os testes de estresse de capital e liquidez continuam a demonstrar solidez do sistema bancário, mas a expansão do crédito tende a se moderar no curto prazo.
O relatório mostra que o financiamento à economia real acelerou no segundo semestre de 2024, puxado sobretudo pelo crédito a pessoas físicas — com destaque para financiamento de veículos e crédito não consignado. Já o crédito a pessoas jurídicas cresceu em todos os portes empresariais, impulsionado também pelo maior uso do mercado de capitais pelas grandes empresas.
Entretanto, o BC observa uma leve deterioração na qualidade do crédito não consignado, com aumento do número de operações a clientes de menor renda e aquisição de veículos mais antigos, com entradas reduzidas. Para o crédito empresarial, os critérios de concessão se mantiveram estáveis, mas a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito já aponta menor tolerância ao risco em 2025.
A rentabilidade do sistema bancário continua em trajetória de alta, segundo o REF, impulsionada por operações de crédito com maiores taxas de juros e redução das perdas com inadimplência. Contudo, o BC pondera que condições financeiras restritivas devem limitar novos avanços, devido ao aumento no custo de captação e à desaceleração esperada na expansão do crédito.
Além do panorama nacional, o relatório aborda ainda temas estruturais e conjunturais, incluindo:
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Riscos climáticos no sistema financeiro
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Impacto dos juros nas empresas não financeiras
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Open Finance e a competição bancária
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Efeitos da redução de buffers prudenciais na pandemia
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Fim do overhedge e volatilidade cambial
A partir deste ano, o BC passa a incorporar no REF a decomposição do custo do crédito e dos spreads bancários, além dos indicadores de concentração do SFN, substituindo o extinto Relatório de Economia Bancária.
A apresentação completa do relatório pode ser conferida na coletiva com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, e os diretores Ailton Aquino (Fiscalização) e Diogo Guillen (Política Econômica), transmitida ao vivo a partir das 11h.
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