Bolsas refletem incertezas com inflação nos EUA, política monetária na Europa e ritmo de recuperação na China
Comportamentos distintos marcaram os principais índices globais nesta terça-feira (7). Enquanto o Ibovespa registrou uma leve alta de 0,03%, encerrando aos 133.534 pontos, o S&P 500, principal índice da Bolsa de Nova York, caiu 0,94%, aos 558,24 pontos. O movimento também foi de recuo na Europa, com o Euro Stoxx 50 recuando 0,5%, enquanto o Shanghai Composite, da China, subiu 0,3%, sinalizando tentativa de estabilização após um ano de perdas.
Alta tímida no Ibovespa: cenário interno de otimismo cauteloso
De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, a leve alta do Ibovespa reflete um ambiente doméstico de estabilidade fiscal momentânea, somado ao otimismo com dados de produção industrial acima do esperado e o bom desempenho de ações ligadas ao setor de energia.
“Há um movimento de rotação setorial que vem beneficiando empresas ligadas à infraestrutura, ao agronegócio e às exportações, principalmente diante do dólar acima de R$ 5,60, o que melhora a competitividade externa”, explica um analista de mercado consultado.
No acumulado do ano, o índice brasileiro já apresenta valorização de 11,01%, impulsionado pela recuperação de commodities e perspectivas de corte nos juros a partir do segundo semestre.
Queda do S&P 500 reflete tensões com juros nos EUA
Nos Estados Unidos, a forte queda de 0,94% no S&P 500 foi motivada principalmente pela persistência da inflação acima da meta do Federal Reserve (Fed), o que reduz a probabilidade de cortes nas taxas de juros ainda em 2025.
“Os investidores estão reprecificando o calendário de afrouxamento monetário. O mercado chegou a precificar três cortes neste ano, mas os dados mais recentes do mercado de trabalho e inflação tiraram força desse cenário”, avalia um economista.
Mesmo com o recuo desta terça, o S&P 500 acumula alta de 8,5% no ano, impulsionado por ganhos no setor de tecnologia e expectativa de lucros robustos nas big techs.
Bolsas europeias recuam com cautela sobre política do BCE
Na Europa, o Euro Stoxx 50 caiu 0,5%, aos 4.250 pontos, com investidores cautelosos quanto aos próximos passos do Banco Central Europeu (BCE). Apesar das pressões inflacionárias mais moderadas no bloco, a autoridade monetária ainda sinaliza prudência quanto à redução dos juros.
“O BCE pode ser forçado a adiar cortes mais agressivos, mesmo com a desaceleração econômica em países-chave como Alemanha e França. Isso gera volatilidade nos mercados acionários europeus, especialmente no setor industrial e bancário”, comenta um analista europeu.
Com isso, o índice acumula ganhos de 6,2% em 2025, mas com ritmo menor do que o observado nos mercados americanos e brasileiros.
China tenta recuperar fôlego, mas ano ainda é negativo
Na Ásia, o Shanghai Composite encerrou com alta de 0,3%, aos 3.200 pontos, após novos estímulos governamentais ao setor de infraestrutura e apoio à liquidez bancária. No entanto, o índice ainda acumula queda de 2,1% no ano, refletindo os desafios estruturais da economia chinesa.
“Há desconfiança do mercado em relação à força real da retomada econômica. O setor imobiliário segue fragilizado e o consumo interno não apresenta aceleração consistente”, pontua uma especialista em mercados asiáticos.
Os dados divulgados nesta semana sobre exportações e produção industrial ficaram abaixo das expectativas, reforçando o cenário de recuperação desigual.
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