Tomate, batata, manga e limão sobem mais de 20% em junho. Estado depende da Ceasa de Goiás para abastecimento de hortifrútis.
Diario Tocantinense I Palmas — O preço do tomate longa vida ultrapassou os R$ 4,50 por quilo no atacado de Goiânia nesta segunda-feira (16), puxando para cima os custos das feiras e supermercados no Tocantins. Com forte dependência da Ceasa de Goiás, principal centro de distribuição de hortifrúti da região, o Tocantins já sente no bolso o impacto das altas, que também atingiram a batata, o limão tahiti e a manga palmer.
De acordo com o relatório de cotação da Ceasa-GO, o tomate longa vida foi comercializado entre R$ 90 e R$ 120 a caixa de 22 kg — o equivalente a R$ 4,54/kg em média. A batata comum, vendida entre R$ 50 e R$ 65 por saca de 25 kg, ficou em torno de R$ 2,20/kg. Já a manga palmer, cotada até R$ 150 a caixa de 20 kg, chegou a R$ 7,50 o quilo, enquanto o limão tahiti variou de R$ 50 a R$ 80 a caixa de 20 kg, com média de R$ 4,00/kg.
Em Palmas, feirantes relatam dificuldades para manter os preços:
— A caixa de tomate subiu quase R$ 30 em duas semanas. Se eu repassar tudo, o cliente vai embora. Mas também não posso pagar para trabalhar — afirma Márcia Silveira, que atua na Feira da 304 Sul.
A inflação dos alimentos in natura é observada com preocupação por economistas. Segundo Bruno Cardoso, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o efeito no Tocantins é quase imediato, devido à dependência logística.
“Cerca de 70% dos hortifrutis consumidos no estado vêm de Goiás. Quando há alta nos preços da Ceasa de Goiânia, ela chega às gôndolas do Tocantins em até 48 horas. A estrutura local de produção ainda é insuficiente para segurar os preços”, explica o economista.
Frete e clima agravam o cenário
O preço do frete é outro fator que pesa no repasse ao consumidor final. Com o diesel beirando R$ 6,25 o litro em boa parte do Tocantins, transportar uma carga refrigerada entre Goiânia e Araguaína, por exemplo, custa em média R$ 2.000. Segundo comerciantes, as transportadoras reajustaram o valor por conta da alta do combustível e do aumento da demanda nos entrepostos.
A sazonalidade também influenciou. O mês de junho marca o início do inverno agrícola no Cerrado, com chuvas escassas e maior perecibilidade dos produtos. Alguns alimentos exigem transporte e armazenamento mais cuidadosos, o que eleva os custos operacionais.
Produtos com maior variação no Tocantins
Com base nos preços da Ceasa-GO, estima-se que os seguintes produtos já estejam impactando os mercados tocantinenses:
Produto | Preço médio (Ceasa-GO) | Estimativa no varejo tocantinense |
---|---|---|
Tomate longa vida | R$ 4,54/kg | R$ 7,50 a R$ 8,00/kg |
Batata comum | R$ 2,20/kg | R$ 3,50 a R$ 4,00/kg |
Manga palmer | R$ 7,50/kg | R$ 10,00/kg |
Limão tahiti | R$ 4,00/kg | R$ 6,00/kg |
Cebola nacional | R$ 2,75/kg | R$ 4,50/kg |
Governo avalia incentivos à produção local
A Secretaria de Agricultura e Pecuária do Tocantins informou que estuda lançar um novo pacote de incentivos para ampliar a produção local de hortaliças e frutas, principalmente no Vale do Araguaia e no sul do estado, regiões com estrutura de irrigação disponível. A proposta inclui linhas de crédito para pequenos produtores e apoio técnico na diversificação da lavoura.
Atualmente, o Tocantins produz menos de 30% dos hortifrutigranjeiros que consome, segundo dados do IBGE. A maior parte vem de Goiás, Minas Gerais e Bahia.
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