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Economia global reage à escalada entre Israel e Irã; tensão pressiona petróleo, mercados e inflação

A escalada de tensão entre Israel e Irã, agravada pelo ataque israelense que teria vitimado o chefe do Estado-Maior iraniano, reacendeu temores geopolíticos com reflexos imediatos sobre a economia global. Os impactos mais visíveis, até agora, concentram-se na alta expressiva dos preços do petróleo, no aumento da aversão ao risco nos mercados financeiros e na projeção de pressão inflacionária em economias interligadas pela energia e pela logística internacional.

O ataque aéreo, classificado como “cirúrgico” por fontes israelenses, desencadeou promessas públicas de retaliação por parte do Irã, reacendendo o temor de uma escalada regional com envolvimento indireto de potências globais. Especialistas alertam que, se houver interferência direta sobre o Estreito de Ormuz — por onde circula cerca de 20% do petróleo consumido no planeta — o choque pode ser ainda mais profundo.

Petróleo em alta e temor logístico

A cotação do barril tipo Brent ultrapassou os US$ 86, com avanço de cerca de 10% em menos de uma semana. Já o tipo WTI, referência nos Estados Unidos, chegou próximo de US$ 83. Economistas ouvidos pela reportagem avaliam que o mercado está precificando não apenas a guerra em si, mas principalmente o risco de interrupção no fluxo do petróleo exportado pelo Golfo Pérsico, o que afetaria diretamente a cadeia de suprimentos global.

A Associação Internacional de Energia (AIE) divulgou nota alertando para o risco de volatilidade no abastecimento e a necessidade de reforçar estoques estratégicos nos países-membros. “O impacto da guerra sobre a rota marítima do Estreito de Ormuz pode ter efeitos comparáveis à crise do petróleo dos anos 1970, em cenário extremo”, avaliou um consultor da agência, sob condição de anonimato.

Bolsas oscilam e dólar sobe

Os mercados de ações reagiram com forte instabilidade. Bolsas asiáticas registraram queda generalizada no início da semana, enquanto os índices Dow Jones e Nasdaq, nos EUA, enfrentaram perdas acumuladas superiores a 1,5% nos dois primeiros dias de pregão após o ataque. A bolsa de Frankfurt, termômetro da economia europeia, também recuou diante do temor de aumento nos custos energéticos.

A busca por ativos considerados “seguros” elevou a cotação do ouro e do dólar. O real sofreu desvalorização frente à moeda norte-americana, com o câmbio chegando a R$ 5,42 na cotação de fechamento de terça-feira. A instabilidade política internacional foi citada pelo Banco Central brasileiro em relatório interno como fator de atenção no acompanhamento da política monetária.

Pressão inflacionária em cadeia

A alta no preço do petróleo tende a pressionar, em efeito cascata, os custos logísticos e os valores dos combustíveis em todo o mundo. O cenário preocupa bancos centrais que, mesmo em meio a ciclos de queda de juros, podem se ver obrigados a interromper temporariamente a flexibilização monetária.

“Qualquer instabilidade no Oriente Médio eleva o preço do barril, mas quando há risco de ruptura no fluxo físico — como agora — a inflação global reage com muito mais força. A consequência imediata pode ser o aumento de preços de alimentos, passagens e energia”, avalia a economista-chefe da consultoria internacional TradeView, Silvia Mello.

Setores afetados: energia, aviação e transporte

Empresas de aviação foram as primeiras a sentir o impacto. Com a alta do querosene e o fechamento de rotas aéreas que cruzavam o espaço aéreo iraniano, os custos operacionais de companhias como Lufthansa, Emirates e Air France subiram entre 7% e 12%, conforme projeções internas do setor.

Por outro lado, petroleiras globais como ExxonMobil, Chevron, Petrobras e BP viram suas ações subirem até 9%, impulsionadas pela expectativa de aumento de margem. Especialistas alertam, no entanto, que o efeito de valorização pode ser passageiro, caso o conflito avance e afete a capacidade de produção e refino da região.

Avaliação geopolítica

Segundo o professor Jorge Karam, especialista em relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), “a operação israelense tem efeito militar tático, mas produz consequência estratégica imediata no tabuleiro global. O Irã já anunciou que responderá ao ataque e, se essa resposta vier por meio do Hezbollah ou com ataques a embarcações no Golfo, o risco de alastramento do conflito será real”.

A mesma avaliação é compartilhada por analistas do setor de defesa. Eles lembram que o estreito de Ormuz não é apenas uma rota comercial: é, na prática, um ponto de pressão militar e diplomática entre Ocidente e Oriente. “É ali que a geopolítica encontra a economia. Se o Irã bloquear essa passagem, nem Israel nem os EUA vão assistir de braços cruzados”, aponta o consultor internacional Gustavo Vasconcellos.

Impacto no Brasil

Para o Brasil, os efeitos mais diretos da crise são o aumento do preço dos combustíveis, a oscilação do dólar e o impacto indireto sobre os juros. A Petrobras deve revisar sua política de preços caso o petróleo mantenha tendência de alta. Já o Banco Central monitora possíveis efeitos sobre a inflação e o câmbio, especialmente após a recente queda da taxa Selic.

O governo federal também observa os desdobramentos com atenção. Técnicos do Ministério da Fazenda e do Itamaraty acompanham os informes da ONU, da OPEP e dos mercados futuros em tempo real. Embora o Brasil não esteja diretamente envolvido na disputa, sua economia — como grande importadora de derivados e exportadora de commodities — pode ser impactada de forma indireta.

O ataque israelense contra liderança militar iraniana, somado à retaliação prometida por Teerã, eleva o risco de uma conflagração regional. Em termos econômicos, os sinais mais imediatos são a disparada do petróleo, a instabilidade dos mercados e a perspectiva de inflação pressionada em escala global.

Se o conflito se ampliar para além das fronteiras militares e atingir diretamente o fluxo de energia no Golfo Pérsico, o mundo pode enfrentar não apenas um novo capítulo de tensão geopolítica, mas também uma crise energética com repercussões profundas sobre a recuperação econômica global pós-pandemia.

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