Palmas se consolidou como a cidade mais quente do Brasil pelo segundo dia consecutivo, ao atingir 41,5ºC no domingo (22). A capital tocantinense já havia registrado 41,6ºC no sábado (21), segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Outras cidades do estado também figuraram entre as mais quentes do país, como Lagoa da Confusão e Peixe, ambas com 41,0ºC. A persistência de temperaturas elevadas reflete um padrão climático que combina a atuação de uma massa de ar seco e quente com a ausência de chuvas, cenário que tende a se manter nas próximas semanas.
Causas e consequências do calor extremo
O fenômeno é resultado da forte atuação de uma massa de ar seco, que impede a formação de nuvens e a ocorrência de chuvas. Essa condição, aliada à baixa umidade relativa do ar, favorece a elevação das temperaturas, que em Palmas superaram a média histórica para o mês de setembro. De acordo com o meteorologista Jair da Costa, a ausência de frentes frias e a permanência de um sistema de alta pressão sobre a região Centro-Oeste e Norte do Brasil intensificam o calor e mantêm o tempo seco.
“A falta de chuva e a presença constante de ar seco criam um ciclo vicioso, onde o solo ressecado reflete mais calor para a atmosfera, elevando ainda mais as temperaturas. Este cenário é preocupante, pois além do desconforto térmico, há um risco elevado de incêndios florestais e problemas de saúde, como desidratação e complicações respiratórias”, explica Costa.
Com a umidade relativa do ar variando entre 20% e 12% em Palmas e em outras regiões do estado, o Instituto Nacional de Meteorologia emitiu dois alertas para baixa umidade: um de nível amarelo e outro laranja. O quadro atual favorece a rápida propagação de incêndios, especialmente em áreas de vegetação seca, e eleva a preocupação com a saúde pública, já que níveis baixos de umidade podem agravar doenças respiratórias e aumentar a sensação de desconforto.
Impacto na saúde e no meio ambiente
O calor extremo e o tempo seco afetam diretamente a saúde da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices de umidade abaixo de 20% são considerados críticos para a saúde humana, podendo provocar problemas como irritações nos olhos, nariz e garganta, além de aumentar o risco de desidratação. Especialistas recomendam a ingestão constante de líquidos e a busca por ambientes frescos e arejados para minimizar os impactos do calor.
Além disso, o aumento das temperaturas eleva o risco de queimadas, que já são um problema recorrente no Tocantins. “As condições atuais são propícias para a ocorrência de incêndios florestais, que podem devastar grandes áreas de vegetação em pouco tempo. A combinação de calor intenso, baixa umidade e vegetação seca forma um cenário perfeito para a propagação de fogo”, alerta o meteorologista.
Previsão para os próximos dias
A previsão do Inmet indica que o calor deve persistir em Palmas e em todo o estado pelo menos até o final de setembro. Entre os dias 23 e 27, as temperaturas na capital devem variar entre 40ºC e 41ºC, com poucas nuvens e umidade relativa do ar permanecendo em níveis críticos. A esperança de chuvas, que poderiam aliviar a situação, ainda está distante. “Até o dia 20 de outubro, há uma chance de apenas 10% de precipitação na região sul do estado. Isso significa que teremos pelo menos mais um mês sem chuvas significativas em grande parte do Tocantins”, afirma Jair da Costa.
O fenômeno conhecido como ‘chuva do caju’, esperado pela população local para amenizar o calor, pode não ocorrer nos próximos dias. A previsão é de que as primeiras chuvas regulares só cheguem em meados de outubro, e mesmo assim, com volumes baixos e distribuídos de forma irregular. “Essa condição é típica do período de transição entre a seca e o início da estação chuvosa. O que estamos observando é uma amplificação do fenômeno, com temperaturas muito acima da média e uma prolongada ausência de chuvas”, acrescenta o meteorologista.
Palmas e o impacto das mudanças climáticas
As altas temperaturas em Palmas e em outras regiões do Tocantins levantam um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas na região. Segundo especialistas, o aumento da frequência e da intensidade de ondas de calor está diretamente ligado ao aquecimento global, que afeta padrões de temperatura e precipitação em todo o país. “O que vemos em Palmas pode ser um reflexo das alterações climáticas globais. Eventos extremos, como essas ondas de calor, tendem a se tornar mais comuns e intensos, exigindo adaptações tanto no planejamento urbano quanto nas políticas públicas voltadas para a mitigação dos efeitos do clima”, alerta Costa.
Em um contexto de mudanças climáticas, a capacidade de adaptação das cidades será crucial para lidar com os desafios impostos por um clima cada vez mais instável. “Palmas precisa estar preparada para enfrentar verões mais quentes e períodos de seca mais longos. Isso inclui medidas como a criação de áreas verdes, aumento da cobertura vegetal urbana e campanhas de conscientização para o uso racional de água e energia”, conclui o meteorologista.
O cenário para as próximas semanas exige atenção redobrada da população e das autoridades locais, com medidas de prevenção a incêndios e ações para minimizar os impactos do calor extremo na saúde pública.
Relacionado
Link para compartilhar: