Tarifas recordes, retaliações e incertezas nos mercados sinalizam riscos de estagflação e recessão global
Por Fernanda Cappellesso
Goiânia, 21 de abril de 2025
A disputa comercial entre China e Estados Unidos atingiu um novo patamar de tensão nesta semana, com a imposição de tarifas recordes por parte de Washington e retaliações imediatas de Pequim. A escalada tarifária e o impasse diplomático entre as duas maiores economias do mundo já provocam instabilidade nos mercados financeiros e acendem alertas sobre os riscos de estagflação e recessão global.
Tarifas recordes e retaliações mútuas
Em 2 de abril, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas adicionais de até 245% sobre produtos chineses, alegando preocupações com a segurança nacional e práticas comerciais desleais por parte de Pequim. A medida afeta uma ampla gama de produtos, desde bens industriais até produtos agrícolas e eletrônicos.
Em resposta, a China elevou suas tarifas sobre produtos americanos para 125%, incluindo alimentos, automóveis e equipamentos industriais. O Ministério do Comércio chinês acusou Washington de “intimidação econômica” e prometeu medidas adicionais caso os EUA não recuem em sua postura unilateral.
Impactos nos mercados e na economia global
A escalada tarifária já provoca efeitos nos mercados financeiros globais. Bolsas de valores registraram quedas significativas, e o dólar se valorizou frente a outras moedas, refletindo a busca por ativos considerados mais seguros. Economistas alertam para o risco de estagflação — combinação de inflação alta e crescimento econômico estagnado — caso a disputa se prolongue.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as tensões comerciais podem reduzir o crescimento econômico global para 2,3% em 2025, abaixo das projeções anteriores. Países emergentes, especialmente aqueles com economias dependentes do comércio internacional, são os mais vulneráveis aos efeitos colaterais da disputa.
Reações diplomáticas e busca por apoio internacional
A China intensificou seus esforços diplomáticos para conter os efeitos da crise. O presidente Xi Jinping iniciou uma série de visitas a países da Ásia e da Europa, buscando fortalecer alianças comerciais e políticas. Pequim também convocou uma reunião informal no Conselho de Segurança da ONU para denunciar as ações dos EUA como “bullying econômico” e “ameaça à paz e ao desenvolvimento global”.
Por sua vez, os EUA pressionam aliados tradicionais a reduzirem suas relações comerciais com a China, oferecendo acordos bilaterais vantajosos como incentivo. A estratégia tem gerado desconforto entre países que buscam manter relações equilibradas com ambas as potências.
Perspectivas e possíveis desdobramentos
Analistas avaliam que a disputa atual vai além de questões comerciais e reflete uma luta por hegemonia econômica e tecnológica. A falta de diálogo efetivo entre Washington e Pequim aumenta a incerteza sobre os rumos da economia global.
Especialistas sugerem que uma solução duradoura exigirá mediação de organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e o compromisso de ambas as partes em adotar práticas comerciais mais transparentes e equitativas.
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