O Conclave que elegerá o novo Papa teve início nesta quarta-feira (7), no Vaticano, com 133 cardeais com menos de 80 anos reunidos na Capela Sistina. Trata-se do maior e mais diverso colégio eleitoral da história da Igreja Católica, com representantes de 71 países — um reflexo da globalização do catolicismo. A eleição ocorre em um ambiente altamente controlado: as entradas do Palácio Apostólico foram seladas e foram ativadas medidas rigorosas de segurança, incluindo bloqueadores de sinal e varreduras eletrônicas contra espionagem.
Todos os envolvidos no Conclave, inclusive assistentes técnicos e funcionários da Casa Santa Marta, prestaram juramento de sigilo absoluto. Qualquer violação será punida com excomunhão automática, conforme previsto nas normas estabelecidas por São João Paulo II em 1996.
Votação seguirá tradição de oito séculos
O processo de escolha do novo pontífice mantém o ritual que remonta ao século XIII. São realizadas até quatro votações por dia — duas pela manhã e duas à tarde. Para ser eleito, o candidato precisa conquistar pelo menos dois terços dos votos, ou seja, 89 dos 133 possíveis.
Após cada votação, as cédulas são queimadas em uma chaminé instalada na Capela Sistina. A fumaça preta indica que nenhum nome atingiu o número necessário. A branca anuncia a eleição do novo Papa, seguida pelo tradicional anúncio “Habemus Papam” feito do balcão central da Basílica de São Pedro.
A primeira fumaça está prevista para as 14h (horário de Brasília) desta quarta-feira. Caso não haja definição até sexta-feira, o Conclave poderá se estender pelo fim de semana.
Fragmentação interna e candidatos cotados
O Conclave de 2025 se diferencia dos anteriores por refletir um momento de incerteza e fragmentação dentro da Igreja. Não há consenso entre os cardeais alinhados a visões conservadoras e os que defendem reformas. A expectativa é que, diante da polarização, um nome de perfil conciliador ou inesperado seja escolhido.
Entre os nomes mais citados nos bastidores estão:
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Pietro Parolin (Itália): Secretário de Estado do Vaticano, é visto como diplomata experiente e moderado.
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Luis Antonio Tagle (Filipinas): Ex-arcebispo de Manila, representa o avanço da Igreja na Ásia, com perfil pastoral e aberto a mudanças.
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Reinhard Marx (Alemanha): Ligado à ala progressista, defende a modernização das estruturas e uma maior inclusão social.
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Wilfrid Napier (África do Sul) e Jean Zerbo (Mali): Representam o crescimento da fé no continente africano e a possibilidade de um Papa não europeu.
Fontes próximas ao Conclave afirmam que “não há maioria organizada em nenhum dos blocos”, o que aumenta as chances de um nome “fora do radar” ser escolhido como solução de consenso.
Missão do novo Papa: unificar e renovar
O próximo líder da Igreja Católica enfrentará desafios intensos. Entre eles estão a queda no número de fiéis na Europa e América Latina, o avanço do secularismo, o impacto dos escândalos de abuso sexual e a necessidade de diálogo com outras religiões e com a ciência.
Francisco, falecido em 21 de abril aos 88 anos, deixa como legado a tentativa de uma Igreja mais inclusiva e voltada aos pobres, mas também um ambiente interno de tensões entre tradição e renovação. Seu sucessor terá de lidar com essas feridas e ao mesmo tempo fortalecer o papel espiritual da Igreja no mundo moderno.
Expectativa mundial e anúncio aguardado
Milhões de fiéis em todo o mundo acompanham a cobertura em tempo real. A Praça de São Pedro já registra aglomerações, com peregrinos e jornalistas à espera da fumaça branca. A previsão do Vaticano é de que o processo dure entre dois e quatro dias — mas, sem um favorito claro, há chances de que o Conclave se estenda por mais tempo.
O mundo católico vive horas decisivas. O próximo Papa — seja ele um europeu tradicional ou um líder vindo dos países em desenvolvimento — será responsável por conduzir o reequilíbrio da Igreja em um novo século.
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