Premiê Benjamin Netanyahu anuncia bombardeios a instalações nucleares e faz apelo direto ao povo do Irã. Especialista alerta, em entrevista exclusiva ao Diário Tocantinense, para o risco de guerra regional. Mundo reage com cautela, mercados disparam e temor por escalada se intensifica.
Diário Tocantinense I Jerusalém– O mundo acordou em alerta neste sábado (14). Em uma escalada histórica no já tenso tabuleiro do Oriente Médio, Israel confirmou que lançou ataques coordenados a alvos estratégicos no território iraniano, atingindo instalações nucleares, bases de mísseis e centros de comando da Guarda Revolucionária. O país também iniciou uma ofensiva inédita de comunicação: o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se dirigiu diretamente ao povo do Irã, em uma tentativa de isolar o regime dos aiatolás da sua população.
“Estamos no meio de uma das maiores operações militares da nossa história. Israel atacou as principais instalações de enriquecimento de urânio, arsenais de mísseis balísticos e os centros de comando do regime. Mais está por vir. Continuaremos enquanto for necessário para garantir que o Irã jamais possa nos ameaçar com destruição”, declarou Netanyahu em vídeo oficial, legendado em farsi e inglês, distribuído em canais israelenses e redes sociais.
Em outro trecho, o premiê afirma: “Nossa luta não é com você, povo do Irã. É com o regime que oprime, empobrece e ameaça a sua liberdade e a nossa existência. A luz de vocês vencerá a escuridão deles.”
A ofensiva, chamada internamente de Operação Coração, foi validada pelo alto comando das Forças de Defesa de Israel e marca a primeira vez que o país admite publicamente um ataque direto ao solo iraniano com objetivos militares declarados.
O que aconteceu: Israel ataca bases estratégicas no Irã
Na madrugada de sexta-feira, 13 de junho de 2025, Israel lançou uma ofensiva aérea coordenada contra dezenas de alvos militares e nucleares em território iraniano, em resposta ao que classificou como “ameaça existencial” vinda do regime islâmico. A ação, parte da chamada Operação Coração, marca o ponto mais grave do embate entre os dois países nas últimas décadas.
Explosões foram registradas nas províncias de Isfahan, Qom, Shiraz, Teerã, Fordow, Khondab e Khorramabad, regiões que concentram centros de pesquisa nuclear, instalações de mísseis balísticos e comandos da Guarda Revolucionária. De acordo com fontes militares israelenses, mais de 200 aeronaves participaram da operação, lançando cerca de 330 munições de precisão contra 100 alvos previamente mapeados por satélites e drones de inteligência.
Entre os alvos mais relevantes:
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A instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Natanz, considerada a mais estratégica do programa nuclear iraniano, teve sua infraestrutura elétrica comprometida e estruturas externas destruídas;
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O complexo de Fordow, que opera em ambiente blindado a 80 metros de profundidade, também foi atingido em pontos de acesso e ventilação;
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O centro de reconversão de urânio metálico em Isfahan, usado em etapas avançadas da produção de combustível nuclear, foi severamente danificado;
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Bases da Guarda Revolucionária em Qom, Khorramabad e Teerã sofreram perdas estruturais, incluindo armazéns de mísseis balísticos e centros de comando tático subterrâneo;
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Em Khondab, onde funciona um reator de água pesada, foram registrados danos indiretos causados por detonações nas imediações.
Segundo fontes israelenses, os ataques resultaram na morte de pelo menos seis cientistas ligados ao programa nuclear iraniano — cujos nomes ainda não foram oficialmente divulgados — e três generais da Guarda Revolucionária, todos vinculados à área de defesa antimíssil e balística.
Já o governo do Irã confirmou os bombardeios, mas os classificou como “ações terroristas”. Informou que seus sistemas antiaéreos interceptaram grande parte dos mísseis e que os danos foram “limitados”. Entretanto, admitiu a morte de 78 pessoas, entre militares e civis, e relatou mais de 320 feridos. Hospitais em Teerã, Isfahan e Shiraz foram colocados em alerta máximo.
A imprensa iraniana, sob forte controle estatal, mostrou imagens de colunas de fumaça, veículos incendiados e postos de defesa reforçados nas ruas de Teerã. Nas áreas mais atingidas, o acesso à internet foi restringido e voos comerciais suspensos. As universidades e centros de pesquisa foram evacuados em várias províncias.
Por que começou o conflito: o estopim de uma guerra anunciada
A tensão entre Israel e Irã é antiga, mas o atual episódio tem origem em abril de 2025, quando um ataque de milícias apoiadas pelo Irã — especialmente o Hezbollah — matou nove soldados israelenses na fronteira norte de Israel, em um bombardeio contra uma base em Metula.
Em resposta, Israel bombardeou posições do Hezbollah no sul do Líbano e, dias depois, destruiu um comboio iraniano de armamentos na Síria. A escalada prosseguiu com o lançamento de mais de 170 drones e mísseis pelo Irã contra Israel em 5 de maio de 2025, numa ação sem precedentes, que, embora majoritariamente interceptada pelo sistema Domo de Ferro, atingiu o deserto do Neguev e matou três civis israelenses.
Para o governo israelense, o ataque direto de mísseis partindo do território iraniano foi considerado “quebra de todas as linhas vermelhas” e ato de guerra declarado. Desde então, a retaliação vinha sendo preparada nos bastidores, com o apoio de serviços de inteligência dos Estados Unidos e da OTAN.
A Operação Coração é a resposta formal de Israel, com o objetivo declarado de neutralizar a capacidade militar ofensiva do Irã e impedir o avanço de seu programa nuclear, que, segundo o governo de Tel Aviv, estaria a menos de seis meses da obtenção de ogivas atômicas.
O que diz o Irã: “Ato de guerra direta que será respondido”
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, classificou os ataques de Israel como “um ato de guerra direta” e prometeu uma retaliação no “momento certo, com a linguagem do fogo”, segundo seu pronunciamento à televisão estatal. Em uma declaração forte, afirmou:
“Israel não ficará impune. Essa agressão sionista será lembrada como o início de sua queda.”
Fontes oficiais iranianas confirmaram que o país mobilizou seu arsenal para uma resposta coordenada. Uma primeira fase, denominada “Verdadeira Promessa 3”, incluiu o lançamento de mais de 150 mísseis balísticos e 100 dronescontra alvos militares e civis em Israel, supostamente com apoio logístico de milícias aliadas. Apesar da ofensiva, Israel afirmou ter interceptado grande parte dos projéteis, enquanto o Irã reportou ao menos três vítimas e dezenas de feridos em solo israelense.
Além disso, ao apresentar a resposta iraniana, Khamenei declarou que a ofensiva não se limitava a alvos israelenses:
“Nossa retaliação não terminará aqui. Outras bases — inclusive de países que apoiam esses atos — também serão alvo.”
As autoridades do Irã afirmaram ter posto em “alerta total” milícias como o Hezbollah, no Líbano, os Houthis, no Iêmen, e grupos xiitas no Iraque e na Síria, com o objetivo de garantir uma retaliação em múltiplas frentes . Especialistas observam, no entanto, que a capacidade dessas milícias pode estar comprometida:
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O Hezbollah sofreu perdas significativas em conflitos recentes;
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As milícias iraquianas enfrentam restrições políticas e dependem do Irã;
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Os Houthis continuam sua logística focada na região do Mar Vermelho, sem força suficiente para ações militares intensivas rumo a Israel.
A pressão internacional sobre Teerã vem na trilha dessas declarações. Em carta enviada à ONU, o governo iraniano denunciou a operação israelense como “crime contra a paz” e responsabilizou os Estados Unidos por “facilitarem permissões a ações de agressores” .
O cenário indica que, embora o Irã tenha iniciado uma resposta pública, busca evitar uma guerra de total intensidade, articulando uma estratégia de retaliar em fases, envolvendo aliados regionais e ameaçando bases estrangeiras no Golfo — o que representa um risco direto de escalada militar internacional, sobretudo envolvendo atores como EUA, Reino Unido e França.
Especialista analisa: “Israel rompe tabu geopolítico com ataque direto ao Irã”
Em entrevista exclusiva ao Diário Tocantinense, a doutora em Relações Internacionais Manoela Cerqueira Santiago, pesquisadora, afirma que o ataque israelense contra o território iraniano representa uma ruptura histórica na lógica de contenção mútua que sustentava o delicado equilíbrio regional nas últimas quatro décadas.
“Israel rompe um tabu geopolítico que vigorava desde a Revolução Islâmica de 1979: o de não realizar ataques declarados e diretos contra o solo iraniano. Até então, o conflito era travado por procuração, via milícias, sabotagens, assassinatos seletivos e guerra cibernética. Agora, temos uma guerra direta — assumida, estratégica e simbólica”, afirma.
Para Manoela, o impacto da retórica de Benjamin Netanyahu, ao se dirigir diretamente ao povo iraniano, é duplo: tem valor simbólico, mas pode ter efeito oposto ao desejado.
“Há uma tentativa clara de separar o povo do regime, especialmente ao evocar a memória histórica de laços entre judeus e persas, e ao citar os protestos femininos de 2022, com o lema ‘Mulher, vida, liberdade’. Isso dialoga com a insatisfação real de setores jovens e urbanos do Irã, sobretudo mulheres, que têm enfrentado repressão severa. Mas a manobra é arriscada: em contextos de agressão externa, regimes autoritários — como o iraniano — tendem a se fortalecer internamente, estimulando o nacionalismo defensivo e sufocando a oposição sob o pretexto de segurança nacional.”
A pesquisadora reforça que, embora Israel tenha historicamente combatido a influência iraniana no Líbano, na Síria e na Faixa de Gaza, o uso oficial de força militar dentro do território iraniano reconfigura completamente a lógica do confronto. Para ela, a ação sinaliza uma nova doutrina militar israelense, baseada na dissuasão pelo ataque preventivo total.
“Israel envia um recado claro: não vai mais aceitar ameaças nucleares ou balísticas em estágio avançado. Mas essa mudança de postura coloca o mundo diante de uma situação-limite. Pela primeira vez, há um confronto aberto entre dois Estados plenamente armados, com aliados regionais e interesses globais interligados. E isso altera a arquitetura de segurança do Oriente Médio.”
Ela também ressalta que o momento internacional é especialmente sensível:
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A guerra na Ucrânia segue sem resolução;
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A tensão entre China e Taiwan se agrava;
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Os EUA entram em fase final de uma eleição polarizada.
“Com três grandes focos de tensão global, o sistema internacional está sobrecarregado. Se o Ocidente — especialmente EUA, União Europeia e ONU — não agir com firmeza e clareza, corremos o risco de ver esse conflito regional se transformar numa crise sistêmica com impacto direto sobre mercados, rotas comerciais, migração em massa e terrorismo transnacional.”
Ao final da entrevista, Manoela faz um alerta duro:
“Estamos diante de uma janela crítica. O que for feito — ou deixado de fazer — nos próximos dias definirá não só o futuro da relação Israel-Irã, mas o grau de estabilidade global até o fim desta década. O mundo não pode mais assistir passivamente.”
Contexto histórico: a longa guerra não declarada entre Israel e Irã
O confronto entre Israel e Irã não é novo. Desde a Revolução Islâmica de 1979, quando o xá aliado de Israel foi derrubado, os aiatolás romperam laços diplomáticos com o Estado judeu. Em contrapartida, Israel sempre viu o Irã como sua maior ameaça existencial.
A partir dos anos 2000, o avanço do programa nuclear iraniano acendeu o alerta máximo em Tel Aviv. As negociações que levaram ao acordo nuclear de 2015 (JCPOA) tentaram conter a tensão, mas o rompimento unilateral dos EUA em 2018, sob Donald Trump, reacendeu o conflito.
Desde então, Israel realiza operações secretas e ciberataques contra cientistas iranianos, enquanto o Irã financia grupos armados ao redor de Israel. A ofensiva atual, no entanto, é a primeira operação militar formal e pública de Israel contra o território iraniano.
Repercussão internacional: ONU convoca emergência e EUA pedem cautela
A Organização das Nações Unidas (ONU) convocou para este domingo (15) uma reunião de emergência do Conselho de Segurança. O secretário-geral, António Guterres, disse estar “profundamente preocupado com o risco de uma guerra total no Oriente Médio”.
Os Estados Unidos reafirmaram “o direito de Israel à autodefesa”, mas pediram “contenção estratégica”. A China e a Rússia condenaram os ataques, chamando-os de “ações unilaterais e provocativas”.
A União Europeia instou os dois países a retomarem negociações diplomáticas e alertou que o conflito pode afetar diretamente os fluxos de energia e transporte global.
Tensão entre Israel e Irã faz petróleo disparar e acende alerta nos mercados globais
A escalada de tensões entre Israel e Irã atingiu novos patamares após a Operação Coração — ofensiva aérea israelense contra instalações nucleares e militares iranianas — provocando retaliação iraniana com mísseis e drones. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “continuaremos enquanto for necessário”, rompendo com décadas de estratégia de guerra indireta no Oriente Médio. A resposta iraniana, considerada “ato de guerra direta” e prometendo retaliações em “língua de fogo”, foi canalizada por aiatolá Khamenei. Milícias aliadas estão em alerta total, apontando para uma escalada regional.
Mercados em choque: petróleo em alta
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O barril Brent ultrapassou US$ 97, atingindo o nível mais alto desde o início de 2022, impulsionado pelo temor de bloqueio no Estreito de Ormuz — rota que concentra de 20% a 25% do petróleo mundial.
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Bolsas em Europa e Ásia recuaram de 1% a 2%, enquanto o Dow Jones nos EUA apresentou queda similar. Investidores buscaram proteção em ativos como ouro e dólar.
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Aumento no preço internacional do petróleo reflete imediatamente no custo dos combustíveis e da energia, ameaçando elevar a inflação global.
Companhias aéreas em alerta
Companhias como Lufthansa, Emirates e Turkish Airlines suspenderam voos para destinos como Teerã, Beirute e Damasco. O bloqueio de rotas sobre o Oriente Médio levou ao prolongamento de rotas, aumento de consumo de combustível e maiores gastos operacionais.
Economista detalha efeitos globais e impactos ao Brasil
O economista-chefe, Ricardo Menezes, avalia a situação:
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Choque de oferta
– Se houver interrupção no Estreito de Ormuz, o preço do barril pode alcançar US$ 120–130, em linha com alertas do JPMorgan. -
Pressão inflacionária
– Países importadores de energia, como Brasil e Índia, sofrerão com o aumento dos custos de transporte e produção, pressionando o Índice de Preços e limitando cortes de juros pelo Banco Central. -
Desaceleração econômica
– Empresas adiam investimentos diante da instabilidade, isso pode frear o crescimento em 2026.
Menezes alerta que bancos centrais — como o Federal Reserve e o Banco Central Europeu — devem manter taxas mais altas enquanto persistir a alta de petróleo, afetando ainda mais o ciclo econômico global.
Repercussão no Brasil
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Combustíveis: alta nos preços do petróleo pressiona a gasolina e o diesel no mercado nacional.
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Inflação: impacta na cesta de transporte e alimentos, limitando a capacidade do BC de reduzir a taxa Selic.
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Turismo e aviação: rotas podem ser alteradas; aumento de passagens e possível reação de turistas brasileiros.
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Importações e exportações: custos logísticos elevados afetam exportações do agronegócio goiano e brasileira, diminuindo competitividade.
Caminhos para evitar crise
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Ações diplomáticas dos EUA, União Europeia e China em busca de cessar-fogo.
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Abertura de rotas alternativas no Oriente Médio, mantendo o fluxo de petróleo.
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Coordenação econômica global para conter os efeitos inflacionários.
O atual ponto de tensão entre Israel e Irã vai além da geopolítica: reflete diretamente na economia global e no cotidiano dos brasileiros. A alta do petróleo e a instabilidade financeira internacionais exigem atenção das autoridades — do Banco Central à diplomacia — para frear os impactos sobre a sociedade, especialmente em regiões como Aparecida, que dependem de setores sensíveis como transporte, turismo e agronegócio.
Presença brasileira e tocantinense em Israel
O Itamaraty confirmou que há brasileiros atualmente em Israel, incluindo integrantes de comitivas religiosas, diplomáticas e acadêmicas. Há informações de que pelo menos cinco tocantinenses participaram de um intercâmbio técnico-religioso em Jerusalém na última semana.
Até o momento, não há registro de feridos. A Embaixada do Brasil em Tel Aviv recomenda que os brasileiros evitem deslocamentos não essenciais e mantenham contato com familiares.
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