Sua notícia diária em primeia mão!
domingo 15, junho, 2025
Sua notícia diária em Primeira mão!
domingo 15, junho, 2025
Desde Março de 2018

-

spot_img

Poderio militar em foco: conflitos entre Irã, Israel, EUA, Hezbollah e Hamas e o risco de escalada global

Os ataques militares de Israel ao território iraniano e a resposta de Teerã com mísseis e drones lançados sobre cidades israelenses marcaram um dos momentos mais tensos no Oriente Médio desde a Guerra do Yom Kippur. Com o apoio militar direto dos Estados Unidos a Israel e o envolvimento crescente de grupos aliados do Irã, como Hezbollah e Hamas, o cenário caminha para um ponto de inflexão. Analistas avaliam que a escalada pode romper as fronteiras regionais e envolver potências como China e Rússia.

No centro desse novo capítulo do conflito, está o avanço militar de Israel sobre bases estratégicas iranianas, incluindo centros de comando da Guarda Revolucionária e áreas ligadas ao programa nuclear. A ofensiva foi respondida por Teerã com uma onda de mais de 300 mísseis e drones, alguns interceptados pelo sistema de defesa israelense e por baterias antiaéreas dos EUA no Golfo Pérsico.

Poderio militar em confronto

O Irã ocupa a 14ª posição entre as potências militares globais, segundo o índice Global Firepower, enquanto Israel figura na 18ª colocação. A vantagem israelense está na superioridade tecnológica — com caças F-35, sistemas de defesa como o Domo de Ferro e mísseis de precisão — além do respaldo logístico norte-americano. O Irã, por sua vez, aposta na guerra assimétrica, no número de efetivos e em uma rede regional formada por milícias como Hezbollah, Hamas, Houthis e forças xiitas no Iraque e na Síria.

“Não há interesse imediato do Irã em uma guerra total. A retaliação é medida, calculada para manter prestígio regional e dissuadir novas ações”, explica Lourival Sant’Anna, especialista em segurança internacional. “Mas Israel opera com uma doutrina de ofensiva total. A escalada depende de um erro de cálculo.”

Risco de alastramento

Professores da PUC-SP e da UFRJ consultados pela reportagem apontam que o conflito atual ultrapassa o patamar de tensões pontuais. A movimentação de navios de guerra dos EUA no Mediterrâneo e no Mar da Arábia, o reforço da presença da OTAN em bases no Oriente Médio e o posicionamento do Hezbollah ao norte de Israel são indicadores claros de que o conflito pode envolver múltiplos frontes.

“O que se desenha não é uma guerra convencional, mas uma série de choques controlados em várias frentes. A guerra moderna é feita com drones, ciberataques e milícias”, afirma a professora Maria Clara Farias, da UFRJ. “A grande incógnita é o papel da Rússia e da China, que observam em silêncio e podem explorar a crise.”

O Brasil e o papel do Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou nota oficial na qual manifesta “grave preocupação com a escalada de violência” e condena “qualquer ato que ameace a estabilidade regional e a segurança internacional”. A chancelaria também reiterou a importância de preservar o multilateralismo, destacando o papel da ONU como instância de resolução pacífica de conflitos.

Internamente, diplomatas veem com cautela a pressão por um posicionamento mais contundente. O Brasil, que historicamente atua como mediador nos fóruns multilaterais, mantém sua tradição de neutralidade e aposta na diplomacia como saída. Contudo, fontes do Itamaraty reconhecem que, em caso de envolvimento direto dos EUA e de seus aliados da OTAN, o país poderá ser chamado a se posicionar no Conselho de Segurança da ONU.

“O Brasil não tem poder bélico para interferir no conflito, mas tem capital diplomático e legitimidade para propor soluções. O risco de uma guerra regional com efeitos globais exige protagonismo do Sul Global”, afirma Denilde Holzhacker, cientista política e especialista em relações internacionais.

Impacto global e instabilidade

A tensão no Oriente Médio já provoca efeitos econômicos concretos: o preço do barril de petróleo subiu 7% na última semana, impactando o câmbio e o custo de combustíveis em diversos países. A volatilidade nos mercados de energia e alimentos acende sinal de alerta em países em desenvolvimento, inclusive no Brasil.

Além disso, cerca de 25 mil brasileiros vivem atualmente em Israel e outros 150 no Irã. O Itamaraty monitora a situação e montou um gabinete de crise para apoiar possíveis operações de evacuação.

O confronto entre Israel e Irã escancara os limites da dissuasão militar e testa a resiliência das redes diplomáticas globais. Em um mundo onde a guerra moderna é feita com inteligência artificial, mísseis de longo alcance e alianças voláteis, a posição do Brasil — entre a neutralidade e o chamado à paz — pode ser decisiva.

Enquanto caças cruzam o céu de Tel Aviv e Teerã responde com promessas de vingança, o planeta assiste, mais uma vez, ao frágil equilíbrio do século XXI se desfazer diante do caos.

Link para compartilhar:

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Últimas noticias

Opinião | No dia em que o mundo explodiu, alguém cantou sobre amor

Por Fernanda Cappellesso* Na tarde em que o Oriente Médio voltava a arder, com foguetes cruzando fronteiras e nações inteiras...

Israel intensifica ofensiva contra o Irã e convoca povo iraniano: “Mais está por vir”

Premiê Benjamin Netanyahu anuncia bombardeios a instalações nucleares e faz apelo direto ao povo do Irã. Especialista alerta, em...

Jovem é preso por tráfico de drogas em ponto estratégico de Colinas do Tocantins

Suspeito de 20 anos foi flagrado com crack pronto para revenda próximo ao entroncamento da BR-153 com a TO-335....

Governador Wanderlei Barbosa retorna ao Tocantins após missão em Israel marcada por alerta de míssil e parcerias estratégicas

Comitiva liderada pelo governador enfrentou momento de tensão em Tel Aviv, mas reforçou laços com Israel em áreas como...
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_img

Giro da Fama: Ana Castela surpreende com dois clipezinhos ao lado de Lucca Picon e mira geração Z com estratégia certeira

Ela montou no boi, mas agora quem está no comando da estratégia pop é Ana Castela. A boiadeira mais...

Senador Eduardo Gomes destina R$ 6 milhões para recuperar barragens do Rio Formoso e reacende debate sobre segurança hídrica e protagonismo agrícola do Tocantins

Um dos maiores desafios da agricultura irrigada no Brasil — a segurança hídrica — ganhou reforço estratégico no Tocantins....
spot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img