Representantes muçulmanos, evangélicos e católicos abordam o impacto da guerra nas crenças e profecias. “O que acontece lá também nos toca aqui”, diz pastor.
Palmas — O avanço da guerra no Oriente Médio, especialmente entre Irã e Israel, vem gerando não apenas reações políticas e humanitárias, mas também questionamentos religiosos e espirituais em diferentes partes do mundo. No Tocantins, líderes religiosos têm sido procurados por fiéis em busca de respostas sobre os sentidos mais profundos do conflito.
A reportagem ouviu representantes das três tradições religiosas com presença no estado — comunidade muçulmana, igrejas evangélicas e Igreja Católica — para entender como o cenário é interpretado sob a ótica da fé.
“É um momento de luto espiritual para todos nós”, diz líder muçulmano
Em vídeo enviado à reportagem, Sheikh Mohammad Khaled, destacou que a guerra deve ser vista como uma tragédia humanitária antes de qualquer leitura religiosa.
“A religião muçulmana não compactua com a violência. O Islã é uma fé de paz, mas, infelizmente, conflitos políticos usam o nome de Deus para justificar a guerra. O que vemos é sofrimento de civis, crianças e famílias inteiras. Isso fere a todos nós, muçulmanos ou não.”
Pastores citam passagens bíblicas e alertam para tempos difíceis
Já em igrejas evangélicas, o tema tem sido recorrente nos cultos. Em sua fala, o pastor João Marco afirma que muitos interpretam os conflitos atuais como sinais de profecias descritas no Antigo Testamento e no livro de Apocalipse.
“Não é sobre prever datas ou espalhar medo. É sobre perceber que vivemos tempos de tribulação e precisamos nos voltar para a oração, para a consciência espiritual. O que acontece lá também nos toca aqui.”
Igreja Católica pede oração e equilíbrio
Para a Igreja Católica, o momento exige prudência, compaixão e compromisso com a paz. O padre Luís Fernando Ribeiro, afirma que a guerra não pode ser reduzida a narrativas proféticas.
“O Evangelho nos ensina que a paz é o maior bem que podemos desejar a um povo. Independentemente das leituras apocalípticas, precisamos clamar por diálogo, cessar-fogo e proteção dos inocentes.”
Fé, geopolítica e esperança
A guerra no Oriente Médio também levanta dilemas sobre a relação entre fé e política. Para muitos fiéis, a fronteira entre conflito armado e guerra espiritual está cada vez mais difusa. Líderes religiosos alertam para o risco de interpretações extremistas e destacam que o momento deve ser usado para reflexão coletiva.
“A espiritualidade não pode ser instrumentalizada para justificar morte e destruição”, afirma o teólogo André Silveira, pesquisador de religiões comparadas.
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