O preço da gasolina comum ultrapassou os R$ 6,50 em diversas cidades do Tocantins e voltou a preocupar consumidores, especialmente motoristas de aplicativo, taxistas e profissionais do transporte de carga. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o valor médio do litro no estado é de R$ 6,51, com variações que vão de R$ 6,10 a R$ 6,89, a depender do município.
Em Palmas, os postos registram valores entre R$ 6,40 e R$ 6,63. Já em Araguaína, a gasolina é encontrada entre R$ 6,03 e R$ 6,29. Os números colocam o Tocantins acima da média nacional, que está em R$ 6,14, de acordo com o último relatório da ANP.
Alta impulsionada por fatores fiscais e logísticos
A elevação dos preços no estado é atribuída a três fatores principais: a alíquota do ICMS, os custos logísticos da distribuição e os reajustes aplicados pela Petrobras às distribuidoras. Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Tocantins (Sindiposto-TO) afirmou que a composição do preço inclui “tributação estadual elevada” e “gargalos logísticos no interior do estado, que impactam a margem de revenda”.
A política de preços da Petrobras também segue como variável de impacto. Embora a empresa tenha abandonado a paridade internacional, os reajustes ainda refletem oscilações no mercado global e pressões do setor de distribuição.
Motoristas relatam queda na margem de lucro
Com o aumento, motoristas autônomos relatam dificuldades para manter o rendimento. José dos Anjos, motorista por aplicativo em Palmas, calcula que o gasto diário com combustível subiu mais de R$ 30 nos últimos dois meses. “Eu gastava cerca de R$ 120 por dia. Agora, não consigo rodar sem gastar R$ 160. O lucro caiu, mas o aplicativo não reajusta a tarifa”, diz.
Taxistas e entregadores de aplicativos também relatam mudanças nos trajetos e redução nas viagens para evitar prejuízo. Em Araguaína, alguns profissionais têm optado por limitar o número de corridas fora do perímetro central da cidade.
Etanol e diesel: ainda vale a pena?
Com a alta da gasolina, motoristas buscam alternativas. O etanol, no entanto, não tem se mostrado vantajoso no estado. O preço médio do litro é de R$ 4,77, segundo a ANP, o que representa 73% do valor da gasolina. Para ser economicamente viável em veículos flex, o etanol precisa custar até 70% do preço da gasolina.
Na prática, isso significa que a gasolina ainda compensa mais em termos de rendimento por quilômetro rodado, especialmente em trajetos longos. “O consumidor percebe o preço mais baixo no etanol, mas o carro rende menos. No fim, gasta praticamente o mesmo ou até mais”, explica um frentista de posto em Gurupi.
Já o diesel comum apresenta preço médio de R$ 5,94, pouco abaixo da média nacional. Caminhoneiros afirmam que o impacto é menor do que o registrado na gasolina, mas apontam que a pressão continua no setor logístico. O diesel S10, mais usado em veículos leves e SUVs, custa R$ 6,00 em média no estado.
Postos relatam mudança de comportamento do consumidor
Postos de combustíveis em cidades como Colinas, Gurupi e Porto Nacional relatam que, apesar da alta nos preços, não houve mudança significativa no tipo de combustível escolhido pelos consumidores. A diferença de rendimento ainda pesa na hora da escolha.
“O etanol só vende mais quando o preço está realmente muito abaixo da gasolina. Agora, como está quase 75% do valor da gasolina, o consumidor volta para o tradicional”, afirma o gerente de um posto em Colinas do Tocantins.
Expectativa é de estabilidade no curto prazo
Segundo fontes do setor, a expectativa é de que os preços se mantenham altos nas próximas semanas, com possibilidade de novos repasses, caso o cenário internacional continue pressionando os derivados do petróleo. O governo do estado não anunciou, até o momento, qualquer medida de revisão da alíquota do ICMS sobre combustíveis.
Link para compartilhar: