Tradições cristã e judaica compartilham a busca pela conexão com o sagrado
Duas das mais importantes tradições religiosas do mundo, o cristianismo e o judaísmo, trazem em seus calendários períodos dedicados à reflexão e à espiritualidade: a Quaresma e o Shabat. Embora tenham significados e práticas distintas, ambos são momentos de renovação e aproximação com o divino.
No cristianismo, a Quaresma marca os 40 dias que antecedem a Páscoa e remete ao tempo que Jesus passou no deserto, em jejum e oração. É um período de penitência e introspecção, no qual fiéis são incentivados a refletir sobre suas vidas, praticar a caridade e fortalecer a fé. O tempo quaresmal começa na Quarta-feira de Cinzas e se estende até a Quinta-feira Santa, na véspera da Paixão de Cristo. Entre as práticas mais comuns estão a abstinência de carne às sextas-feiras e a participação em ritos litúrgicos que reforçam a preparação para a celebração da ressurreição de Jesus.
Já no judaísmo, o Shabat é o dia sagrado de descanso semanal, que começa ao pôr do sol da sexta-feira e se encerra no entardecer do sábado. A tradição tem origem na Torá, onde Deus ordena que seu povo descanse no sétimo dia, assim como Ele descansou após a criação do mundo. Para os judeus, o Shabat é um momento de reconexão espiritual, afastamento das preocupações do dia a dia e fortalecimento dos laços familiares. Durante esse período, atividades cotidianas, como o uso de eletrônicos e o trabalho, são interrompidas, dando lugar a orações, leituras religiosas e refeições festivas.
Apesar das diferenças de significado e prática, há uma relação simbólica entre as duas tradições. Tanto a Quaresma quanto o Shabat representam a importância de reservar um tempo para a reflexão e para o fortalecimento da fé. Se, para os cristãos, os 40 dias da Quaresma são um caminho de preparação para a Páscoa, para os judeus, o Shabat é uma renovação espiritual semanal. Em ambos os casos, trata-se de uma pausa na rotina para a busca do sagrado, reforçando valores como disciplina, introspecção e comunhão.
Enquanto o mundo se torna cada vez mais acelerado, com menos espaço para momentos de reflexão, tanto o Shabat quanto a Quaresma permanecem como práticas que convidam à pausa, ao silêncio e ao reencontro com a espiritualidade.
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