A Polícia Federal (PF) deflagrou na última terça-feira (18) uma operação de grande impacto, que resultou na prisão de Thiago Marcos Barbosa de Carvalho e Goianyr Barbosa de Carvalho, respectivamente sobrinho e cunhado do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa. A ação é parte de uma investigação que apura um suposto esquema de vazamento de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com possível envolvimento de advogados, assessores jurídicos e magistrados.
A prisão dos familiares do governador ocorre em um momento delicado da política tocantinense, levantando questionamentos sobre influências indevidas no Poder Judiciário e sobre a atuação do grupo investigado.
As Acusações e o Andamento da Investigação
De acordo com fontes da PF e do Ministério Público Federal (MPF), a operação teve início após a descoberta de trocas de mensagens entre advogados e lobistas, que sugeriam a negociação de decisões judiciais em tribunais superiores. O caso ganhou força após o falecimento de um advogado em Mato Grosso, cujo celular continha indícios de tráfico de influência e possível venda de sentenças.
A partir dessas informações, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acionou a Polícia Federal para aprofundar as apurações, resultando na operação que agora desarticula essa suposta rede de corrupção.
As investigações apontam que Thiago Marcos, que é advogado e atuava como assessor jurídico no Ministério Público do Tocantins (MPTO), estaria envolvido nesse esquema. Ele ocupava um cargo de destaque no gabinete do procurador de justiça Ricardo Valente, também sob investigação.
Já Goianyr Barbosa, ex-prefeito de Almas (TO), foi preso sob suspeita de lavagem de dinheiro. Durante a abordagem policial, os agentes encontraram R$ 22,5 mil em sua residência. Testemunhas relataram que, ao perceber a presença dos policiais, Goianyr tentou se livrar do dinheiro jogando-o pela varanda. Sua defesa, no entanto, alegou que ele teria agido por medo, acreditando se tratar de um assalto.
Conexões com Outras Operações e Possível Expansão das Investigações
Além das atuais acusações, Thiago Marcos já havia sido citado na operação “Fammes-19”, que investigava desvios milionários de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Na época, indícios apontavam para um esquema que envolvia empresários e políticos no Tocantins, desviando verbas de programas assistenciais.
A conexão de Thiago com esse caso levanta a possibilidade de que a atual investigação possa se expandir para novas frentes, envolvendo nomes do alto escalão da política estadual e federal. Além disso, as autoridades estudam se há ramificações dessa rede de corrupção em outros estados e instâncias do Judiciário.
Os agentes federais já confirmaram que a operação continuará nos próximos dias, podendo resultar em novas prisões e mandados de busca e apreensão.
Posicionamento do Governador Wanderlei Barbosa
Diante da repercussão do caso, o governador Wanderlei Barbosa se pronunciou oficialmente, negando qualquer envolvimento na investigação e destacando que seus familiares não possuem vínculo direto com o governo estadual.
Barbosa afirmou que sua defesa já teve acesso ao inquérito da operação “Fammes-19” desde abril de 2024 e que não recebeu qualquer informação privilegiada sobre o andamento das investigações.
Em nota oficial, o governador declarou que confia no trabalho das instituições policiais e judiciárias, reforçando que a Justiça deve seguir seu curso sem interferências políticas.
O Papel do STF e as Medidas Judiciais Tomadas
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O STF, no entanto, mantém sigilo sobre parte dos documentos do inquérito, o que impede que detalhes mais profundos sejam divulgados neste momento.
O Ministério Público do Tocantins (MPTO) informou que não teve acesso à íntegra da decisão judicial, razão pela qual ainda não se manifestará oficialmente sobre o caso.
Enquanto isso, as defesas de Thiago e Goianyr Barbosa já protocolaram pedidos de revogação das prisões, alegando que as medidas são desproporcionais e que não há justificativa para a detenção preventiva.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB-TO) esclareceu que Thiago Marcos está licenciado desde junho de 2020, em razão das regras de incompatibilidade para ocupantes de cargos públicos.
Impactos Políticos e Expectativa para os Próximos Dias
A prisão de familiares do governador Wanderlei Barbosa ocorre em um ano pré-eleitoral, o que pode gerar repercussões políticas e desgastes à sua gestão.
Caso novos desdobramentos confirmem a participação de mais autoridades no esquema, a investigação pode se tornar um dos maiores escândalos políticos e jurídicos da história do Tocantins.
A sociedade agora aguarda os próximos passos da operação, enquanto cresce a pressão por transparência e rigor na apuração dos fatos. O caso reacende o debate sobre corrupção no Judiciário e a necessidade de maior controle sobre a atuação de assessores e advogados ligados a tribunais superiores.
Com o avanço das investigações, espera-se que novos nomes surjam e que as responsabilidades sejam esclarecidas, garantindo que o sistema de Justiça não seja manipulado por interesses escusos.
A Polícia Federal e o Ministério Público seguem em ação, e novos desdobramentos devem ocorrer nos próximos dias.
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