A Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 18 de março de 2025, revelou um esquema de venda e vazamento de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre os alvos da operação está o advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, e assessor jurídico do Ministério Público do Tocantins (MPTO).
Detalhes da Operação
Nesta fase da operação, a PF cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Thiago Barbosa e quatro mandados de busca e apreensão no Tocantins. As investigações apontam para uma rede clandestina que monitorava, comercializava e repassava informações sigilosas sobre investigações supervisionadas pelo STJ, comprometendo a eficácia de operações policiais.
Além da prisão, foram determinadas medidas como afastamento de funções públicas, proibição de contato entre os investigados, restrição de saída do país e recolhimento de passaportes. Os crimes investigados incluem obstrução de justiça, violação de sigilo funcional e corrupção ativa e passiva.
Conexões e Repercussões no Tocantins
Thiago Barbosa atuava como assessor no gabinete do procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva, que também foi alvo de buscas nesta operação. A ligação familiar de Thiago com o governador Wanderlei Barbosa, embora este não seja investigado, levanta questionamentos sobre a integridade das instituições locais e a influência de redes de corrupção no estado.
Durante as buscas, o pai de Thiago, Goianyr Barbosa de Carvalho, ex-prefeito de Almas e cunhado do governador, foi detido após tentar descartar uma mochila contendo R$ 22,5 mil. A defesa alega que ele pensou se tratar de um assalto, justificando a tentativa de se livrar do dinheiro. Jornal Opção | Tocantins
Implicações para o Sistema Judiciário
A operação revelou um esquema que envolvia advogados, lobistas, empresários e magistrados, todos suspeitos de participarem da venda de decisões judiciais no STJ. Juristas consultados destacam que tais práticas corroem a confiança pública no sistema judiciário e ressaltam a necessidade de mecanismos mais robustos de transparência e controle interno nas instituições.
O advogado criminalista Carlos Eduardo Silva comenta: “A revelação de um esquema dessa magnitude abala a credibilidade do judiciário e exige respostas firmes das autoridades para restaurar a confiança da sociedade nas instituições.“
Já a professora de direito penal Mariana Oliveira destaca: “É imperativo que haja uma investigação profunda e imparcial, garantindo que todos os envolvidos sejam responsabilizados, independentemente de suas posições ou conexões políticas.“
Histórico da Operação Sisamnes
A Operação Sisamnes teve início em 2023, após a PF acessar mensagens no celular de um advogado assassinado em Mato Grosso, que indicavam um possível esquema de compra de decisões judiciais. Em novembro de 2024, uma fase anterior da operação cumpriu 23 mandados de busca e apreensão e resultou na prisão de um lobista suspeito de intermediar a venda de sentenças.
O nome da operação faz referência a Sisamnes, um juiz persa da Antiguidade que, segundo a mitologia, foi condenado à morte por corrupção e desonra, simbolizando a gravidade das suspeitas que recaem sobre os envolvidos.
Próximos Passos e Expectativas
As investigações continuam em andamento, com a expectativa de que novos desdobramentos possam ocorrer. A sociedade aguarda que as autoridades conduzam o processo com transparência e rigor, assegurando que os responsáveis sejam devidamente punidos e que medidas sejam implementadas para evitar a repetição de tais práticas no futuro.
A Operação Sisamnes destaca a importância de um judiciário íntegro e transparente para a manutenção do estado democrático de direito e reforça a necessidade de vigilância constante contra a corrupção em todas as esferas do poder.
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