O preço da gasolina voltou a subir no Tocantins e já pressiona o bolso dos consumidores nas principais cidades do estado. Levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revela que o valor médio do litro da gasolina comum ultrapassou R$ 6,59 em postos de Palmas. Em Gurupi e Colinas do Tocantins, os valores também se mantêm acima da média nacional, que está em R$ 6,35.
A variação entre os municípios é expressiva. Em Colinas, o litro da gasolina foi encontrado a R$ 6,44, enquanto em Gurupi o valor médio chega a R$ 6,48. Já o etanol, historicamente mais competitivo, tem apresentado preço acima do esperado: R$ 4,73 em Palmas, R$ 4,68 em Colinas e R$ 4,75 em Gurupi. No caso do diesel, os valores permanecem relativamente estáveis, oscilando entre R$ 6,23 e R$ 6,29 nos três municípios.
Segundo um consultor do setor de combustíveis que atua na região Centro-Norte, os aumentos têm sido puxados por um conjunto de fatores, que inclui os reajustes recentes no etanol anidro nas distribuidoras e os custos logísticos, especialmente no interior. “Há postos que enfrentam dificuldades para receber cargas com frequência. O custo do frete, que sobe em períodos de menor volume, acaba sendo repassado ao consumidor”, explica o especialista.
A tributação estadual também pesa. O Tocantins mantém a alíquota de 20% de ICMS sobre a gasolina, mesmo após a mudança no modelo nacional de cobrança — agora com valor fixo por litro. De acordo com o mesmo consultor, embora o novo sistema traga mais previsibilidade para os estados, a recomposição de margens por parte das distribuidoras tem neutralizado qualquer ganho potencial para o consumidor. “Na prática, a simplificação tributária não chegou às bombas”, diz.
A percepção nas ruas é de frustração. Renata Vasconcelos, moradora de Gurupi, afirma que já precisa rever os deslocamentos semanais. “Gasto quase R$ 700 por mês. A gente tenta abastecer só o necessário, mas o preço sobe toda semana”, diz. Em Palmas, o motorista de aplicativo Jefferson Barbosa relata que o impacto dos reajustes atinge diretamente sua renda. “Tem dia que só dá pra abastecer R$ 20. Com gasolina a quase R$ 6,60, o lucro vai embora”, afirma.
O cenário ainda é agravado por fatores sazonais. A oferta de etanol segue pressionada em virtude do início lento da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul. Além disso, a ausência de uma política pública estadual voltada à regulação do setor dificulta o equilíbrio de preços nas regiões mais distantes da capital.
A expectativa do mercado é de que os valores permaneçam altos ao longo do mês de junho. Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que, sem estímulos diretos, como isenções ou incentivo ao transporte ferroviário de combustíveis, o consumidor seguirá arcando com os custos da instabilidade e da logística rodoviária.
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