“Tributar energia solar não é inteligente para o país. Precisamos priorizar a transição energética e democratizar o acesso a energias renováveis,” afirmou Kátia Abreu durante sua estreia como comentarista no jornal Real Time, da CNBC Brasil. A ex-ministra da Agricultura e ex-senadora trouxe críticas contundentes ao aumento de impostos sobre insumos utilizados na geração de energia solar, em um debate que coloca em xeque a política tributária brasileira e seus impactos na transição energética.
Kátia Abreu, que agora faz parte do time de comentaristas da CNBC Brasil, compartilhou sua visão em um programa conduzido por Marcelo Torres, abordando questões ligadas à energia limpa e suas implicações econômicas e sociais. Em sua estreia, a tocantinense destacou o papel essencial da energia solar no Brasil, enfatizando que o aumento tributário representa um retrocesso na democratização do acesso à energia renovável.
Uma surpresa desagradável para o setor solar
Segundo a comentarista, a medida do governo de aumentar os impostos sobre os insumos da energia solar é prejudicial e contraditória, considerando o cenário energético global. “O que acontece de bom nessa transição energética é a pluralidade de opções que temos, como energia eólica, solar, hidráulica e biocombustíveis. Mas penalizar um setor como o solar, com o argumento de estimular outra fonte, como a eólica, é simplesmente absurdo,” criticou.
Abreu argumentou que a energia solar é mais acessível e adequada à realidade do Brasil, país ensolarado de norte a sul. Ao contrário da eólica, que depende de condições específicas de vento, geralmente concentradas no Nordeste, a solar possibilita micro e mini geração de energia em residências, pequenas empresas e comunidades em todo o território nacional. “Essa é a energia mais democrática que temos, permitindo que qualquer pessoa, em qualquer lugar, participe da transição energética,” destacou.
Impacto econômico e social do aumento tributário
A decisão de tributar insumos para energia solar em até 25% a partir de 2025, segundo Kátia, terá impactos severos tanto no custo de instalação quanto nos contratos firmados. Ela estima que o aumento resultará em um encarecimento de cerca de 10% no custo total dos projetos, afetando principalmente a classe média, que busca investir em soluções sustentáveis.
“A medida torna inviável o planejamento de muitos projetos que já estavam em andamento, colocando em risco contratos assinados e aumentando a judicialização no setor,” alertou. A comentarista também lembrou que, em um país onde as iniciativas de transição energética já enfrentam desafios logísticos e burocráticos, qualquer encarecimento desestimula novos investimentos.
O papel estratégico da energia solar
Ao longo do programa, Kátia Abreu enfatizou a relevância estratégica da energia solar para o Brasil e para o mundo. Ela explicou que os painéis solares, majoritariamente importados da China, têm papel central na redução das emissões de gases de efeito estufa e na democratização do acesso à energia. Embora reconheça a necessidade de fomentar a industrialização no Brasil, a comentarista reforçou que penalizar a energia solar não é o caminho ideal.
“Os Estados Unidos e o mundo inteiro importam as placas solares da China. Não faz sentido usar isso como argumento para tributar o setor aqui,” declarou, ressaltando que a prioridade deve ser facilitar a transição energética, não criar barreiras que dificultem o acesso à tecnologia.
Políticas energéticas e industrialização
Kátia Abreu também destacou a importância de alinhar a política energética com os esforços de reindustrialização liderados pelo governo Lula. Segundo ela, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Fernando Haddad têm promovido medidas para revitalizar a indústria brasileira, mas a transição energética deve permanecer como prioridade nacional. “A industrialização é crucial, mas não podemos ignorar que a energia renovável é uma urgência planetária,” afirmou.
O impacto nas metas climáticas do Brasil
A comentarista fez questão de frisar que a energia solar é essencial para o Brasil atingir suas metas de redução de emissões no Acordo de Paris. “Tributar um setor que contribui para a sustentabilidade do planeta é contraditório e compromete nosso papel no cenário global,” pontuou.
Para Kátia Abreu, o Brasil deve focar em políticas que incentivem o uso de energias limpas em todas as regiões do país, especialmente em áreas menos favorecidas por outras fontes renováveis, como o Centro-Oeste e o Norte. “O Sol é um recurso que temos em abundância, e seria um erro estratégico não aproveitá-lo ao máximo,” concluiu.
A estreia de Kátia Abreu no jornal Real Time já demonstra o tom crítico e analítico que marcará sua participação semanal na CNBC Brasil. Como ex-ministra e produtora rural, sua experiência em temas como agroindústria, política energética e relações comerciais promete enriquecer o debate público sobre questões cruciais para o desenvolvimento do país.
Com sua análise contundente sobre o aumento de impostos na energia solar, Abreu levantou uma questão essencial: como equilibrar o crescimento econômico com a transição para um modelo energético sustentável? A resposta, segundo ela, passa por políticas públicas que priorizem a democratização da energia e o compromisso com o futuro do planeta.
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