Alta nos focos de destruição ocorre mesmo com queda no Cerrado e no Pantanal; cidades tocantinenses lideram ranking de áreas críticas
Dados do sistema TerraBrasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam um aumento alarmante de 92% no desmatamento da Amazônia Legal no mês de maio de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O salto interrompe uma tendência de relativa estabilidade e acende alerta em estados da região Norte, especialmente o Tocantins, que figura entre os líderes em focos de devastação.
Embora os biomas do Cerrado e do Pantanal tenham registrado queda no desmatamento — segundo dados cruzados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Secretaria do Meio Ambiente do Tocantins —, o avanço da destruição sobre a floresta amazônica representa um retrocesso na agenda ambiental e pressiona a articulação de medidas emergenciais.
Especialistas em clima ouvidos pela reportagem apontam que o aumento pode estar relacionado à intensificação de atividades ilegais, como a grilagem de terras e o avanço da fronteira agrícola, potencializadas pela estiagem precoce que atinge a região neste início de seca.
“O Tocantins vive hoje uma situação crítica, porque está numa zona de transição entre biomas e sofre impactos múltiplos. A pressão sobre a Amazônia influencia diretamente os índices locais”, afirma Ana Carolina Silveira, climatologista da Rede Brasileira de Monitoramento Ambiental.
Com base nos dados mais recentes, municípios como São Félix do Tocantins, Mateiros e Formoso do Araguaia aparecem entre os mais afetados no ranking estadual de desmatamento. A Secretaria do Meio Ambiente do Tocantins afirma que trabalha na atualização dos mapas de calor e pretende reforçar a fiscalização nos próximos 30 dias.
O governo estadual também estuda novas medidas de contenção e destinação emergencial de recursos, em articulação com o Ibama, para conter os danos e ampliar as operações de monitoramento.
“Estamos trabalhando com alertas antecipados e cruzamento de dados de satélite com denúncias locais. A resposta precisa ser ágil”, disse em nota o secretário de Meio Ambiente do Estado, Rodrigo Teixeira.
A situação da Amazônia deve ser debatida nesta semana no Fórum Nacional de Governadores, que discute mecanismos de financiamento climático, compensação ambiental e cooperação interestadual para combate aos crimes ambientais.
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