Polêmica tomou grandes proporções

Redação I Thiago Alonso

Uma manchete bombástica chamou a atenção do povo tocantinense nesta semana, após uma mulher, que diz ser vítima de abuso sexual do presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Tocantinense de Futebol, Adriano de Carvalho, publicar uma "carta aberta" dando detalhes sobre o ocorrido.

O Diário Tocantinense teve acesso ao documento, por intermédio da Record Tocantins, onde a vítima relata que "não irá se calar".

A reportagem procurou a assessoria da Secretaria de Segurança Pública, que em nota, explicou que já tem uma investigação em curso para apurar o suposto envolvimento do membro da arbitragem.

Confira a nota do órgão na íntegra:

"A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que a investigação que apura o suposto envolvimento de um membro da Federação Tocantinense de Arbitragem em um caso de abuso sexual foi registrada na 10ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Miracema do Tocantins, no dia 22 de março deste ano.

As investigações estão sendo conduzidas pela 48ª Delegacia de Polícia (48ª DP - Guaraí) e na terça-feira, 28 de março, equipe da 48ª DP deu cumprimento a mandado de apreensão dos celulares da vítima e do suspeito. Os aparelhos foram encaminhados à perícia.

Diante de apontamentos que teria sido constrangida, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou sindicância para investigar a denúncia da vítima. 

Demais diligências estão sendo realizadas para elucidar o caso o mais rápido possível. Outras informações serão preservadas para garantir autonomia ao trabalho policial".

Confira a carta aberta na íntegra:

"CARTA ABERTA: NÃO VOU ME CALAR

Eu sou uma MULHER que sofre patriarcado, que sofre com o machismo, que sofre todos os dias abuso e sofre todos os tipos de abuso. Sou VÍTIMA e estou sofrendo não somente por causa de um abuso físico, abuso psicológico, abuso emocional, abuso moral, abuso sexual ou por sofrer um estupro. Não estou sofrendo somente só por causa do abuso e estupro, estou sofrendo ainda mais por ser uma MULHER ADULTA DE 30 ANOS, pois não se encaixa dentro da lei que rege em favor da vítima de abuso ou estupro? POR SER UMA MULHER ADULTA VOU TER QUE SOFRER COM ESSA DOR? A MINHA PALVARA NÃO É LEI? A MINHA PALVRA E OS EXAMES NÃO SÃO O SUFICIENTE PARA SER VERDADE? Que tristeza e imensa dor que toma conta do meu ser me faz em pedaços todos os dias, pois me sinto desvalorizada, desamparada, desprotegida e sem falar que aos poucos estão tirando minha voz e meus diretos, que estão sendo tirados dia após dia. Meu direito da LEI DO MINUTO SEGUINTE. Fui em busca de ajuda no hospital onde imaginava ser acolhida e escutada, mas fui desamparada por toda equipe, me senti desvalorizada pelos, os quais se diziam profissionais da saúde, afinal, UMA MULHER DE 30 ANOS VIRGEM, SER ESTUPRADA PARECE UMA PIADA PARA TODOS, POIS NINGUÉM DEMONSTROU O DEVIDO ACOLHIMENTO, ENQUANTO EU ESTAVA SOFRENDO COM MUITA CRISE DE NERVOS E DE CHORO, NINGUÉM TEVE PROFISSIONLISMO. CADÊ O PROFISSIONALISMO? CADÊ MEUS DIREITOS POR UM ATENDIMENTO HUMANIZADO E SEM DESCRIMINAÇÃO? CADÊ A LEI DO MINUTO SEGUINTE QUE DEVERIA FUNCIONAR NO HOSPITAL? Até quando nós mulheres vamos sofrer com o machismo e sofrer em um lugar sem ser valorizadas e que possamos exercer nossa voz e nosso direito? Quantas mulheres ainda serão forçadas a fazer sexo contra a própria vontade? Quantas mulheres vão precisar morrerem para a lei funcionar? Quando a palavra da vítima será válida? Até quando o abusador ficará livre? No Brasil vivemos uma tragédia onde a cada oito minutos uma mulher está sendo estuprada, sendo que foram registrados no Brasil no ano de 2023 um aumento de 34 mil estupros no primeiro semestre, sendo meninas novas e mulheres adultas. O QUE DIZ A LEI? A Lei do Minuto Seguinte, também conhecida como Lei 12.845/2013, é uma legislação brasileira que veio para proteger e auxiliar as mulheres vítimas de crimes sexuais. Ela foi aprovada em 2013 e desde então tem sido uma ferramenta importante para garantir o atendimento e a assistência necessária às mulheres que passam por situações de violência sexual. O surgimento da Lei do Minuto Seguinte foi um grande avanço na luta pelos direitos das mulheres, pois trouxe medidas concretas para garantir o atendimento imediato e humanizado às vítimas de violência sexual. Seu principal objetivo é garantir que as mulheres tenham acesso rápido e eficiente aos serviços de saúde, como a profilaxia de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, além de orientação e apoio psicológico. A importância da Lei do Minuto Seguinte não pode ser subestimada, pois ela representa um marco na proteção e garantia dos direitos das mulheres. Ao garantir o atendimento imediato e adequado às vítimas de crimes sexuais, a legislação contribui para a redução do impacto da violência e auxilia no processo de recuperação e superação das mulheres que passam por essas situações traumáticas. O SUS desempenha um papel fundamental na implementação da Lei do Minuto Seguinte, garantindo que os serviços de saúde estejam preparados para atender as vítimas de violência sexual de forma rápida e eficaz. É importante ressaltar a importância de dar visibilidade a essa lei e de conscientizar a população sobre a importância de buscar ajuda e assistência em casos de violência sexual. Portanto, a Lei do Minuto Seguinte é uma importante ferramenta para garantir o atendimento e a assistência adequada às vítimas de violência sexual, contribuindo para a proteção dos direitos humanos e para o combate à violência de gênero. É essencial que a sociedade se mobilize em prol da divulgação e cumprimento dessa lei, para que todas as vítimas possam ter acesso à assistência necessária em um momento tão delicado. Nota e Referência: BRASIL. Lei 12.845, de 1º de agosto de 2013. Lei do Minuto Seguinte. Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011 2014/2013/lei/l12845.htm>. Acesso em: 9 de abril de 2024. Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013 Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Art. 1o Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social. Art. 2o Considera-se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida. Art. 3o O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende os seguintes serviços: I - diagnóstico e tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas; II - amparo médico, psicológico e social imediatos; III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência sexual; IV - profilaxia da gravidez; V - profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST; VI - coleta de material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia; VII - fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis. § 1o Os serviços de que trata esta Lei são prestados de forma gratuita aos que deles necessitarem. § 2o No tratamento das lesões, caberá ao médico preservar materiais que possam ser coletados no exame médico legal. § 3o Cabe ao órgão de medicina legal o exame de DNA para identificação do agressor. Art. 4o Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial. EU SOU UMA MULHER E SOU VÍTIMA DE ESTUPRO. Eu sou uma mulher e sofro cada dia juntamente com todas ás outras vítimas que tiverem sua voz e seu direito negligenciado, eu não posso me esconder e nem viver calada, a minha palavra é lei, não posso deixar a sociedade machista me calar, não posso deixar ás autoridades me calar, não vou deixar minha voz ser roubada o NÃO É NÃO, meu corpo, minha voz, minha decisão, o meu corpo não é para ser usado e aproveitado por um monstro, meu corpo é somente meu, minha voz é o meu direito e o MEU NÃO É MINHA LEI. Quantas Anas, Samaras, Brunas e Joanas, precisam sofrer caladas ou precisam morrer para a justiça ser feita? Somos mulheres que temos direitos e precisamos da justiça, precisamos levantar nossa voz, juntas somos mais fortes e não vamos deixar nosso direito ser tirado de nós, não vamos nos calar, somos cidadãs e eleitoras, somos trabalhadoras e pagamos impostos, temos nosso direito. Estamos em um ano eleitoral e sabemos que os políticos são eleitos para nos ajudar e para criar leis que sejam benéficas para todos, então por que não ter esse olhar voltado para as mulheres? Por que não devolver nosso direito de liberdade de expressão e nos valorizar? Pense bem em qual político irá te representar, pois seu voto é sua voz. Muitos me julgam perguntando por que eu entrei no carro e peguei carona para ir para o curso, me criticam e falam que eu fui porque quis. Em algum momento ele falou que iria me estuprar? Estava escrito na testa dele que ele era um homem mal? Eu confiei nele por ele ser um profissional e que era considerado um bom árbitro, mas não imaginava que por trás dessa máscara havia um monstro que não respeita o NÃO de uma mulher. Adriano De Carvalho chegou no ponto para podermos ir para o curso, porém ele estava sozinho e ele viu minha rejeição e insegurança de entrar no seu carro, ele me falou: - “Confia em mim, não vou fazer nada”, pensei eu, porque não confiar, ele é um profissional e não irá colocar sua profissão em risco, então entrei no carro e coloquei o cinto de segurança e cruzei meus braços e Adriano De Carvalho falou que quando cruza os braços e fecha ás mãos cerrando os dedos é porque está insegura ou com medo e Adriano De Carvalho falou novamente que não precisava ficar com medo e podia confiar nele e fomos em destino da Cidade de Guaraí- TO, porém no caminho, Adriano De Carvalho parou seu carro e ao perguntar o motivo, ele simplesmente não falou nada e já foi tirando o cinto de segurança dele e foi na minha direção e me abraçou e me beijou, porém ele viu que eu estava me esquivando e evitando ser beijada por ele, mas mesmo assim o insistiu. Adriano De Carvalho está negando algo que realmente fez, ele viu que eu não queria pegar no pênis dele e ele estava puxando minha mão para tocar nele. Porque negar essa atitude de um homem sem profissionalismo, aproveitador, manipulador e coagindo. Se diz que é homem inocente, porque então não fala a verdade que me forçou a fazer tudo e que me forçou a falar que eu quis sexo, sendo que nunca quis. SÓ QUERIA VIVER. VIVER EM PAZ. NÃO VOU ME CALAR, NÃO ACEITO SER COAGIDA PELAS ÀS AUTORIDADES, NÃO ACEITO ÀS AUTORIDADES ME ACUSAR E DIZER QUE É CALUNIA SÓ PORQUE TENHO 30 ANOS DE IDADE. TENHO 30 ANOS SIM, MAS SOU UMA MULHER E QUERO SER PROTEGIDA, QUERO MEU DIREITO DE SER PROTEGIDA PELO ESTADO E NÃO SER COAGITADA POR UM SISTEMA MACHISTA. #EUSOUVITIMA #MINHAVOZMEUDIREITO #MEUNÃOÉNÃO #NÃOAOESTUPRO #30ANOSSOUMULHER #MINHAPALAVRAMINHALEI".

Vale lembrar que o DT também tentou contato com outros órgãos envolvidos, mas até o fechamento dessa matéria, não obtivemos resposta. O espaço segue em aberto.

Fala Comunidade

@diariotocantinense
@diariotocantinense2
@dtocantinense2
@diariotocantinense
Comercial
Redação
Grupo no Whatspp