Mulheres indígenas tocantinenses entregam proposta aos parlamentares do Tocantins durante audiência pública na III Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília (DF)

Ascom

Na programação da III Marcha das Mulheres Indígenas, que acontece em Brasília  (DF), as mulheres do Tocantins entregaram proposta de fundo hoje aos parlamentares do Estado no Congresso Nacional.  A ação acontece durante audiência pública, programada para às 9h, na Tenda das Mulheres do Tocantins.

Na ocasião, farão a entrega do Caderno de Emendas Parlamentares ao Orçamento Federal, a ser votado em novembro próximo, pelos deputados e senadores. Entre as sugestões, as mulheres indígenas da Etnia Krahô vão propor recursos para a construção da Universidade Indígena Decolonial Unikrahô, uma universidade a ser constituída, dentro da Reserva Indígena Krahô, na Aldeia Manoel Alves, localizada a 8 km, de Itacajá (TO).

A doutoranda em Antropologia Social, Letícia Jôkàhkwyj Krahô, da Aldeia Sol, é uma das porta- vozes do seu povo nessa reivindicação, uma demanda dos jovens indígenas, que desde 2021, intencionam o sonho de ter sua própria universidade.

"A universidade que estamos construindo é diferente da universidade dos cupem (como os Krahô chamam os não indígenas). Ela terá como primazia a formação dos jovens universitários Krahô na sua própria cultura, numa pedagogia diferenciada, com a nossa cosmovisão de mundo". "Os cupem constroem seu mundo se separando da natureza, nós, os merrin  (indígenas na língua Krahô ), não vivemos separados da natureza", diz ela.

A Uni-Krahô é um dos projetos de universidades do movimento global das ecoversidades, liderado pelo educador indiano Manish Jain, um movimento internacional por outras formas disruptivas de aprendizagem no ensino superior.

Quintais Produtivos

Outra reivindicação é a implantação do "Programa Quintais Produtivos", nas Aldeias Indígenas do Tocantins, uma tecnologia da Embrapa Cerrado, que se mostrou eficiente em promover a segurança alimentar, programa anunciado pelo presidente Lula durante a Marcha das Margaridas, em agosto último, para as mulheres rurais. Agora, as mulheres indígenas querem que o programa também as beneficiem adaptado à sua cultura.

Um outro programa é o "Economia Solidária Indígena", para aquisição de máquinas de costura; fomento dos empreendimentos solidários indígenas; bancos comunitários; feiras de artesanato indígenas e outras ações para geração de renda nas aldeias. Para a indígena Kanela, Lennymar Werreria, outra liderança das mulheres indígenas do Tocantins, "a geração de renda para que as mulheres tenham a sua autonomia econômica é uma das nossas prioridades". A estimativa de investimento é de R$ 4,5 milhões.

Autonomia e recursos   

A reivindicação das Mulheres Indígenas do Tocantins é também pela criação do Fundo de Participação das Aldeias Indígenas (FPAI), uma sugestão de minuta de Lei para a criação do Fundo também será apresentada à bancada parlamentar do Tocantins. A proposta é inspirada no Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

As aldeias indígenas também teriam o repasse mensal de recursos pela União, para que possam contar com a administração dos serviços básicos de saúde, educação, transporte, telefonia e energia, ou seja, a estrutura mínima para a sobrevivência digna dos povos indígenas.

Para a líder Elizabeth Xerente, "a demarcação de uma reserva indígena também deve ser acompanhada de recursos para se viver nela", "são em nossas reservas que ainda existe cerrado preservado. Nós mostramos que temos competência para administrar os nossos territórios, queremos autonomia e recursos".

A mobilização para a participação das mulheres indígenas do Tocantins em Brasília é liderada pelo Instituto Indígena do Tocantins, Indtins, com a parceria de várias organizações que atuam pela causa indígena no Estado e no Distrito Federal.

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