Os recursos deveriam ter sido utilizados para assistência social, mas foram desviados através de contratos de fornecimento

Redação I Giovana Cecília

A investigação sobre corrupção e lavagem de dinheiro em Tocantins continua e expõe um esquema envolvendo diversos indivíduos e empresas, com destaque para o governador Wanderlei Barbosa Castro. Ele é suspeito de desviar recursos públicos destinados ao fornecimento de cestas básicas durante a pandemia de COVID-19. Os recursos deveriam ter sido utilizados para assistência social, mas foram desviados através de contratos de fornecimento.

A operação apura a suspeita de que cestas básicas destinadas à assistência social foram utilizadas como meio para desviar grandes quantias de dinheiro, facilitadas pela dificuldade em controlar a entrega dos produtos. Entre os servidores exonerados estão três assessores especiais do governador.

Layane de Sousa Silva, ex-assessora da Governadoria, recebeu R$ 493.000,00 de empresários investigados e realizou saques totalizando R$ 916.333,00, valor incompatível com seu salário de R$ 5.712,72. A investigação revelou que Layane foi repassada por empresários envolvidos em contratos milionários com o governo. Seu nome foi incluído na lista dos exonerados, mas o governo do estado não se pronunciou sobre o caso.

Gilson Sousa Silva, delegado da Polícia Civil e vice-presidente da Agência de Mineração do Estado do Tocantins (Ameto), foi exonerado do cargo após ser mencionado na investigação por ter recebido R$ 90.000,00 da empresa Sabores Regionais, controlada por Joseph Ribamar Madeira, e ter realizado transferências para o empresário durante as contratações.

Lizandra Paz de Oliveira, que ocupava o cargo de analista II da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), foi destituída. Ela foi identificada como uma das principais servidoras envolvidas na documentação dos fornecimentos e na contratação das empresas investigadas. A PF encontrou indícios de evolução patrimonial incompatível com seu salário de R$ 3.500,00 e uma tentativa de justificar irregularidades em um relatório.

Nelsifran Sousa Lins, ex-assessor especial técnico da Secretaria da Administração, foi exonerado. Ele atuava como diretor de administração e finanças e foi responsável por assinar documentos que possibilitaram a contratação das empresas envolvidas no esquema. Nelsifran também foi mencionado em uma procuração assinada por um ex-sócio de uma das empresas investigadas.

Taciano Darcles Santana Souza, ex-assessor especial do gabinete do governador, foi exonerado após ser apontado como proprietário de uma das empresas envolvidas e por ter recebido valores de empresas suspeitas. Dois de seus filhos também foram citados por receberem valores de empresas investigadas.

Tiago da Silva Costa, ex-superintendente de desporto escolar da Secretaria da Educação, foi destituído do cargo. A investigação revelou que ele teria recebido R$ 5.000,00 do proprietário de duas empresas contratadas pela Setas e movimentado valores para Joseph Madeira.

Warks Márcio Ribeiro de Souza, ex-assessor especial do gabinete do governador, recebeu R$ 119.762,00 de uma empresa contratada para fornecer cestas básicas, que tinha um contrato total de R$ 1.516.000,00. Além disso, Warks realizou transferências para outros investigados, incluindo Layane Sousa.

A operação identificou uma organização criminosa com quatro grandes núcleos: político, empresarial, servidores públicos e lavagem de dinheiro. A investigação também inclui empresários e ex-sócios de empresas como Sabores Regionais Distribuição, Delikato Comércio de Alimentos e Eletrônicos LTDA, MC Comércio de Alimentos EIRELI-ME, e L Maia da Costa LTDA. A PF identificou movimentações financeiras atípicas e a possível prática de lavagem de dinheiro.

Entre os investigados estão também Welber Guedes de Morais, empresário das empresas Mercado das Carnes EIRELI e Médio Norte Atacadista LTDA, que transferiu R$ 5.000,00 para o governador e seus filhos e movimentou mais de R$ 14 milhões em contratos com a Setas. Joseph Ribamar Madeira, associado às empresas mencionadas, e sua esposa, Adriana Rodrigues Santos, também estão implicados por práticas de lavagem de dinheiro.

A operação Fames-19 resultou no cumprimento de 42 mandados de busca e apreensão e continua em andamento, com medidas cautelares solicitadas para todos os envolvidos.

O DT abre espaço para que os envolvidos possam comentar o assunto.

Fala Comunidade

@diariotocantinense
@diariotocantinense2
@dtocantinense2
@diariotocantinense
Comercial
Redação
Grupo no Whatspp