Gal chegou a ser eleita como a sétima maior voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil em 2012.

Da Redação

Morreu na manhã desta quarta-feira, 9, aos 77 anos, a cantora e compositora Gal Costa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista.

A artista, considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira, havia completado 57 anos de carreira e era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no final de semana anterior ao falecimento. A participação de Gal foi cancelada de última hora em razão da necessidade de recuperação da cantora após ter sido submetida a uma cirurgia para retirada de um nódulo na fossa nasal direita

A cantora se encontrava em plena atividade antes do procedimento e viajava o Brasil com a turnê "As várias pontas de uma estrela", na qual interpretava grandes sucessos da MPB dos anos 1980. Além de shows próprios, Gal estava no line-up de diversos festivais de música nacionais e se programava para uma turnê na Europa, em novembro.

A artista 

Maria da Graça Costa Penna Burgos, Gal Costa, como é chamada, nasceu em 26 de setembro de 1945, em Salvador e é considerada uma das principais referências vocais femininas de sua geração e influência para cantoras posteriores. Com postura irreverente e desafiadora, sua trajetória é marcada por reinvenções, rupturas e a particular junção do grito do rock ao canto popular.

Com seu sucesso e destaque dentro da música, chegou a ser eleita como a sétima maior voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil em 2012.

De acordo com o wikipedia, seu afeto artístico iniciou em 1959, quando ouviu pela primeira vez o cantor João Gilberto cantando Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinícius de Morais) no rádio; João também exerceu uma influência muito grande na carreira da cantora, que também trabalhou como balconista da principal loja de discos de Salvador da época, a Roni Discos. Em 1963 foi apresentada a Caetano Veloso por Dedé Gadelha, iniciando-se a partir daí uma grande amizade e profunda admiração mútua.

Gal estreou no mundo da música ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e outros, no espetáculo "Nós, Por Exemplo", em 22 de agosto de 1964, em Salvador. 

Neste mesmo ano participou de Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, no mesmo local e com os mesmos parceiros. Deixou Salvador para viver na casa da prima Nívea, no Rio de Janeiro, seguindo os passos de Maria Bethânia, que havia estourado como cantora no espetáculo Opinião. A primeira gravação em disco se deu no disco de estreia de Maria Bethânia (1965): o duo Sol Negro (Caetano Veloso), seguido do primeiro compacto, com as canções Eu vim da Bahia, de Gilberto Gil, e Sim, foi você, de Caetano Veloso - ambos lançados pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG) - gravadora à qual Gal retornaria em 1984, com o álbum Profana. No fim do ano conheceu João Gilberto pessoalmente.

Reinventando 

A capacidade de se reinventar de Gal, foi uma de suas características marcantes, e sua carreira foi marcada por mudanças. A primeira delas acontece em 1968: com colar de espelhos, penteado black power e o canto agudo e provocador, Gal defende a canção "Divino Maravilhoso" no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e fica em terceiro lugar.

Em 1969, lançou dois álbuns, "Gal Costa" e "Gal", com canções de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ícones da jovem guarda. Na voz da cantora, as composições de apelo pop ganham interpretação enérgica.

Ao longo do exílio de Caetano e Gil, iGal torna-se representante do tropicalismo. Em 1970, a cantora vai para Londres para visitar os dois músicos e, de volta ao Brasil, lança "LeGal".

O disco ao vivo "Fa-tal ? Gal a Todo Vapor", de 1971, traz músicas de Luiz Melodia (1951-2017), Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Também tocando na questão política, a capa do álbum "Índia" traz um close da virilha da cantora, vestida com um biquíni e, na contracapa, ela aparece de seios nus. O LP foi vendido nas lojas dentro de um plástico escuro por causa da censura.

Com o disco "Cantar", Gal se reaproxima da MPB e muda a postura vocal, amenizando a agressividade e priorizando a voz límpida, um retorno à referência de João Gilberto.

Em 1975, Gal, Gil, Caetano e Bethânia se reúnem para o espetáculo "Os Doces Bárbaros", que dá origem ao disco homônimo. No mesmo ano, interpreta "Modinha para Gabriela", do compositor Dorival Caymmi (1914-2008) e tema de abertura da adaptação do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado (1912-2001). Menos experimentais, Gal Canta Caymmi (1975) e os dois álbuns seguintes, Caras e Bocas (1977) e Água Viva (1978), são sucessos de público.

Em 1980, ela revisita a obra do compositor Ary Barroso (1903-1964) com o álbum "Aquarela do Brasil". Com "Fantasia" (1981), alcança sucesso nas rádios com a faixa "Festa no Interior", de Moraes Moreira (1947- 2020) e Abel Silva.

Em 1988, recebeu o Prêmio Sharp de melhor cantora. Na década de 1990, retoma a parceria com Salomão no disco "Plural",  e em 1993, lança "O Sorriso do Gato de Alice".

No álbum "Recanto", de 2011, Gal se reinventou novamente. O trabalho, composto e produzido por Caetano, traz um repertório com música eletrônica e o funk carioca.

Repercussão 

Gilberto Gil, Lulu Santos, Renato Góes, Ana Maria Braga e outros famosos usaram as redes sociais para lamentar a morte da artista.

"Muito triste e impactado com a morte de minha irmã Gaúcha" - Gilberto Gil, cantor.

"Sua voz, nossa vida. Obrigado Gal" - Lulu Santos, cantor.

"Gal é como uma coluna em minha vida. Se eu pudesse escolher uma voz como a maior, ou uma voz para ser minha, seria a de Gal. Eeu sou tocado na alma de um jeito muito específico todo vez que a escuto cantar, e eu canto muitas vezes pensando nela. É alegre e triste, doce e salgado, vermelho e amarelo, tudo ao mesmo tempo. Gal, que honra ter vivido em seus dias, e gravado com você, e dividido palco com você. Eu seguirei te amando por toda vida." - Silva, cantor.

"Um baque no meu coração. A partida da Gal era uma das coisas inimagináveis. Um voz de doçura, de amor, de felicidade e que nunca se calará. Descansa em paz, divina e maravilhosa."  - Ana Maria Braga, apresentadora.
 

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