É importante destacar o papel do estado como grande caixa d?água do país. Das 12 bacias hidrográficas do País, 8 estão inseridas no Cerrado

Beatriz Oeiras

Segundo dados da Global Florest Wacht, analisados pelo DT, o Brasil perdeu 36% menos floresta primária em 2023 do que em 2022, atingindo seu nível mais baixo desde 2015. 

Esse declínio se traduz em uma diminuição dramática na participação do Brasil na perda total de floresta primária nos trópicos de 43% do total tropical em 2022 para apenas 30% do total em 2023.

Embora seja positiva a redução, o país ainda é responsável por 43% do desmatamento global, permanecendo na liderança do ranking das nações que mais perdem florestas no mundo. 

Amazônia

Os dados mostram que o bioma Amazônia sofreu o maior declínio, com 39% menos perda de floresta primária em 2023 do que em 2022. Isso é amplamente consistente com os números oficiais do governo, que constatou uma redução de 22% no desmatamento da Amazônia de 2022 a 2023. Sendo a maior floresta tropical do mundo, a Amazónia tem uma importância descomunal para a biodiversidade global e para a mitigação das alterações climáticas.

Amazônia e política 

A redução da perda florestal coincide com a transição da liderança governamental do presidente Jair Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de 2023. 

Durante o mandato de Bolsonaro, a sua administração corroeu as proteções ambientais e destruiu as agências de fiscalização . Em contraste, Lula comprometeu-se a acabar com a desflorestação na Amazónia e outros biomas até 2030, e já tinha um histórico comprovado nesta questão desde a sua administração anterior .

Desde a sua reeleição, o Presidente Lula tomou medidas para reduzir a perda florestal, incluindo a revogação de medidas anti-ambientais, o reconhecimento de novos territórios indígenas e o reforço dos esforços de aplicação da lei (embora alguns funcionários responsáveis pela aplicação da lei estejam actualmente em greve, dizendo que estão sobrecarregados e mal remunerados). Estas mudanças parecem estar a ter impacto na taxa de perda florestal, embora ainda permaneça superior ao seu ponto mais baixo no início da década de 2010.

Cerrado e Tocantins 

Em relação a perdas florestais o cerrado se encaixa na análise, isso porque o bioma Cerrado, do qual o Tocantins ocupa 87%, garante ao Tocantins posição entre os estados que compõem a região denominada Amazônia Legal. Estar neste grupo representa participar de importantes decisões e reivindicações junto ao governo federal, haja vista a importância do bioma para o Brasil.

Mas é importante destacar o papel do estado como grande caixa d?água do país. Das 12 bacias hidrográficas do País, 8 estão inseridas no Cerrado. A localização central do bioma, combinada com sua elevação topográfica e alta concentração de nascentes, faz com que ele funcione como uma caixa d?água. No caso do sistema Araguaia-Tocantins, que corre para o Norte e vai desaguar no Pará, 71% da água da bacia nasce no Cerrado, grande parte situada em solo tocantinense. Esse gigante rio subterrâneo é responsável pela enorme disponibilidade hídrica do Tocantins, que possui solo fértil para atividades agrícolas.

Essa significativa representatividade do estado dentro da análise de reduções dramáticas na perda de florestas primárias no Brasil é diferente dos números gerais. Isso porque ao invés de diminuir, os números de desmatamento aumentaram em 2023 no estado do Tocantins. 

Segundo o sistema de alerta do estado do Tocantins, só em 2023 foram autorizados desmatamentos que somam 127 mil hectares. No mesmo período do ano de 2022, o número foi menor, ficando em torno de 90 mil - aumento de 41%.

O alerta apontou que o Tocantins junto com o Maranhão foram responsáveis por 60% de toda a área que foi desmatada no bioma cerrado no mês de maio no país. No Tocantins o aumento foi de 52% em relação ao mesmo mês do ano passado.

No ranking de estados que contemplam a Amazônia Legal que mais desmataram em 2023, o Tocantins(21 km²), Roraima (321 km²) e Amapá (18 km²) seguem no topo.

Importância nos números 

As florestas são ecossistemas essenciais para combater as alterações climáticas, apoiar os meios de subsistência e proteger a biodiversidade, mas num momento em que o mundo enfrenta um "alerta final" sobre a crise climática, a redução da desflorestação é uma das medidas baseadas na terra com melhor relação custo-eficácia para a mitigação das alterações climáticas.

 De acordo com análises da Global Florest Wacht, as florestas são tanto um sumidouro como uma fonte de carbono, removendo dióxido de carbono do ar quando estão em pé ou em crescimento e emitindo-o quando são desmatadas ou degradadas.

 


 

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