Com mais de 4 milhões de brasileiros já tendo experimentado os vapes, o crescimento do consumo entre jovens de 13 a 24 anos preocupa médicos e psicólogos, que alertam para os riscos à saúde respiratória e à dependência química.

Redação

O uso de cigarros eletrônicos por jovens brasileiros é uma tendência crescente e alarmante. De acordo com um estudo de 2023, 23,9% dos jovens entre 18 e 24 anosjá usaram vapes regularmente, e 17% dos adolescentes entre 13 e 17 anos  também relataram experimentação. Esse aumento tem sido impulsionado principalmente pela oferta ilegal online e pela variedade de sabores, que tornam o produto mais atrativo.

Embora o número de fumantes de cigarros tradicionais no Brasil tenha caído nos últimos anos — em 1989, 34,8% da população adulta fumava, enquanto em 2023 esse número caiu para 9,1% — o cigarro eletrônico ameaça reverter essa conquista. Entre os jovens, a percepção equivocada de que os vapes são "menos prejudiciais" que o cigarro tradicional contribui para o crescimento do consumo, mesmo com os alertas de especialistas.

A pneumologista Alessandra Schneider destaca que o vape contém nicotina e outras substâncias nocivas que causam dependência e problemas respiratórios, além de lesões pulmonares. O Brasil já relatou casos graves de lesões pulmonares associadas ao uso de cigarros eletrônicos, semelhantes ao surto de EVALI (lesão pulmonar associada ao uso de vapes) nos Estados Unidos, onde mais de 2.800 pessoas foram hospitalizadas, e 68 morreram entre 2019 e 2020.

Especialistas como Andresa Souza, psicóloga e docente de Psicologia, destacam que a dependência do cigarro eletrônico também envolve um componente psicológico. O vape se tornou um símbolo de status social entre jovens, associado à moda e aceitação em grupos, o que agrava ainda mais o problema. "O uso frequente de nicotina leva a uma busca constante por doses maiores, o que aumenta o risco de dependência e reforça o comportamento viciante", afirma Andresa.

Além disso, a entrada de cigarros eletrônicos no mercado reforça uma série de preocupações sobre **doenças crônicas**, como **câncer e doenças cardiovasculares**. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os efeitos da exposição prolongada aos compostos químicos presentes nos vapes ainda não são totalmente conhecidos, mas há um consenso entre os especialistas de que eles podem trazer impactos sérios à saúde a longo prazo.

Perspectivas de controle e conscientização

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbe a venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos desde 2009, tem reforçado a necessidade de maior fiscalização, especialmente no ambiente online, onde a comercialização ilegal desses produtos prospera. O acesso fácil pelas redes sociais e plataformas digitais faz com que esses dispositivos continuem a ser comercializados sem grandes barreiras, tornando a aplicação da lei um desafio para as autoridades.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alerta que os cigarros eletrônicos não são inofensivos. Segundo a OMS, esses dispositivos podem ser uma porta de entrada para o consumo de outros produtos de tabaco, especialmente entre os mais jovens, que acabam desenvolvendo uma dependência precoce.

O aumento do uso de vapes entre jovens brasileiros, somado ao desconhecimento dos riscos e à percepção equivocada de menor perigo, exige campanhas educativas mais amplas e intensivas. A conscientização dos perigos à saúde, aliada a uma maior fiscalização sobre a comercialização ilegal, é crucial para frear essa tendência preocupante que ameaça reverter os avanços no combate ao tabagismo no Brasil.

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