O longa, disponível na Netflix, já está gerando controvérsia e dividindo opiniões entre críticos e fãs, mostrando que o gênero YA distópico ainda tem muito a oferecer em tempos de redes sociais e filtros digitais

RedaçãoI Fernanda Cappellesso

 

O filme “Uglies” (Feios), adaptação da série literária de Scott Westerfeld, revive o gênero distópico jovem-adulto com uma narrativa provocante que explora padrões de beleza, controle social e resistência. Dirigido por McG, o longa aborda a história de Tally Youngblood (Joey King), uma jovem que vive em uma sociedade onde todos passam por cirurgias plásticas obrigatórias aos 16 anos para se tornarem “perfeitos”. A trama coloca em questão a conformidade e a busca por identidade em um mundo superficialmente ideal.

Enredo e Contexto

A trama se passa em uma sociedade futurista onde a aparência é tudo. Os jovens aguardam ansiosamente a cirurgia que os tornará belos, seguindo padrões estabelecidos pelo governo. No entanto, Tally (Joey King) começa a questionar esse sistema após sua amiga Shay (Brianne Tju) fugir para uma comunidade rebelde que se opõe às cirurgias. A partir daí, Tally descobre os segredos sombrios que envolvem as transformações estéticas e o controle governamental, liderado pela temível Dra. Cable (Laverne Cox).

O dilema entre conformidade e revolução guia a narrativa, ecoando os conflitos de sagas distópicas populares como “Jogos Vorazes” e “Divergente”. Apesar de ser um tema já explorado, a abordagem de “Uglies” é relevante ao falar sobre pressão estética e o impacto psicológico de tentar se encaixar em padrões inalcançáveis. A crítica à superficialidade e ao corporativismo faz com que o filme dialogue diretamente com o público atual, que vive em uma era de filtros e padrões irreais nas redes sociais.

Análise do Eeenco e direção

Joey King, que já se destacou em produções como “The Kissing Booth” e “The Act”, traz uma intensidade convincente ao papel de Tally, uma jovem dividida entre seguir as regras ou se rebelar. Chase Stokes interpreta Peris, antigo amigo de Tally, que já passou pela transformação e representa o ideal superficial que a sociedade impõe. A atuação de Laverne Cox como Dra. Cable é outro destaque, trazendo uma aura de ameaça e controle ao seu papel de líder do sistema opressor.

McG, diretor de sucessos como “As Panteras” e “A Babá”, aposta em um ritmo ágil e efeitos visuais para explorar o mundo distópico de “Uglies”. Apesar de algumas críticas apontarem que o gênero YA (young adult) distópico pode estar saturado, McG consegue equilibrar ação e crítica social de forma a renovar o interesse do público. O diretor utiliza sua experiência com produções mais leves e estilizadas para criar um ambiente que, embora visualmente atrativo, expõe a fragilidade e o vazio dos padrões impostos.

Crítica e recepção

A crítica ao filme varia, com alguns apontando que a narrativa já não é tão inovadora quanto na época de seu lançamento literário. Segundo Caio Coletti, do site Omelete, o filme é “um remix de chavões narrativos e mensagens pseudo-revolucionárias” que, apesar de contemporâneo no discurso, pode soar repetitivo para quem acompanhou outras produções do gênero. No entanto, McG consegue imprimir uma leveza e uma autoconsciência que tornam a experiência de assistir ao filme agradável e, de certa forma, nostálgica para os fãs das sagas distópicas.

O roteiro, assinado por Jacob Forman, Vanessa Taylor e Whit Anderson, busca se conectar com o público jovem através de diálogos que refletem dilemas reais de autoestima e aceitação, sem perder a seriedade ao discutir controle social e opressão. As cenas de ação são bem conduzidas, mesmo com as limitações de um orçamento de streaming, e há um cuidado especial em manter a estética futurista convincente.

Trailer e expectativa

O trailer dublado já disponível no YouTube (link abaixo) apresenta um vislumbre do universo visual e temático do filme, destacando as transformações físicas e o dilema moral de Tally. A expectativa dos fãs é alta, não apenas pelo carinho com a obra original, mas também pela relevância do tema, que continua a ressoar em tempos de crescente pressão estética.

“Uglies” surge como um resgate do gênero distópico YA, abordando temas que permanecem urgentes e atuais. A crítica social presente no filme, aliada a um elenco carismático e uma direção habilidosa, faz com que a produção ganhe espaço em meio a tantas opções de entretenimento. Embora não traga grandes inovações, o filme tem o mérito de revisitar um universo que, mesmo fora de moda, ainda possui muito a dizer.

A produção é um convite para refletir sobre até que ponto estamos dispostos a nos moldar para sermos aceitos. Em tempos de filtros e cirurgias estéticas cada vez mais acessíveis, a história de Tally Youngblood serve como um lembrete de que a verdadeira transformação começa de dentro para fora. “Uglies” mostra que, mesmo em um mundo obcecado por aparências, é possível encontrar a beleza na autenticidade.

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